Irresponsável, Trump enfrenta forte pressão após divulgação de imagens de crianças separadas dos pais

Cresceu nas últimas horas a pressão sobre o Congresso dos Estados Unidos para impedir que crianças sem documentos e separadas dos pais, presos quando tentam entrar ilegalmente usando a fronteira com o México, sejam vítimas da separação familiar e colocadas em jaulas. A pressão decorre da divulgação de novas imagens de abrigos e áudios de meninos e meninas chorando.

Também foram mostrados casos de crianças que permaneceram nos abrigos meses depois da deportação dos familiares adultos. Dentro do próprio Partido Republicano, alguns políticos já se movimentam contra o programa de tolerância zero do presidente Donald Trump, que mais uma vez mostra ser movido pela estupidez.

A bancada democrata no parlamento norte-americano uniu-se em torno de um projeto de lei para proibir a separação de famílias. Senadores do partido querem votar uma medida ainda esta semana.

O deputado republicano Mike Coffman (Colorado), por exemplo, escreveu no Twitter que quer ajudar a acabar com “o desastre de direitos humanos na fronteira”. Ele é um dos parlamentares que apoiam o chamado “Keep Families Together act”, ou lei pelas famílias juntas. É uma proposta da senadora Dianne Feinstein para impedir a separação familiar.

Senadores trabalham para votar o projeto o mais rápido possível. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Feinstein disse que não há lei que exija que uma criança seja retirada dos braços de uma mãe durante a amamentação. “Esta é uma política imoral de Trump, que deve acabar imediatamente”, afirmou.

Na última sexta-feira (15), Trump culpou os democratas pela situação das crianças em abrigos superlotados. Segundo ele, porque o muro entre os Estados Unidos e o México ainda não foi aprovado pelo Congresso. Trata-se de uma sonora mentira, pois as medidas adotadas na fronteira com o México são fruto da política migratória do governo estapafúrdio e populista de Donald Trump.

Apesar da lufada de mitomania que soprou a partir da Casa Branca, a divulgação de novas imagens dos abrigos improvisados para menores imigrantes indocumentados no Texas, que aguardam pela deportação dos pais, e dos áudios com crianças chorando ao serem separadas dos familiares mobilizou ainda mais o Congresso.

Dentro do próprio governo Trump há quem começou a se posicionar contra a medida absurda. Inclusive a primeira-dama Melania Trump defendeu que o governo deve seguir as leis, sem deixar de governar com o coração. Ela condenou a separação familiar, piorando ainda mais a dificílima situação do marido, que está a jogar apenas para a parcela insana do seu eleitorado.


A Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a pedir que o governo Trump interrompa a separação de famílias. Mesmo com a pressão, o presidente dos EUA disse não deixará de cumprir estritamente a lei que já existe – que determina a prisão pelo crime de entrada ilegal no país.

“Não permitirei que os Estados Unidos se transformem em um campo de migrantes, nem em uma instalação de refugiados”, afirmou.

Ser mimado que não aceita o contraditório e acredita ser o “xerife do universo”, Donald Trump parece não perceber o óbvio. A questão não é deixar de cumprir a lei em relação ao ingresso de imigrantes ilegais no país, mas de evitar a separação das famílias, atitude que provocará traumas duradouros em crianças inocentes.

Improviso

As imagens divulgadas por várias redes de televisão nos Estados Unidos aumentaram a polêmica, pois exibiram abrigos em galpões ou antigos supermercados onde foram colocadas camas para crianças e adolescentes que podem falar uma vez por semana com os pais.

No Texas, em um local onde funcionava um supermercado, agora estão abrigadas 1,5 mil crianças. Além dos abrigos improvisados, o governo Trump cogitou utilizar bases militares com barracas para abrigar os menores.

As propostas do governo para contornar o problema dos abrigos superlotados e a dificuldade de reunir crianças e pais após a separação na fronteira vêm recebendo críticas de entidades de direito civil, da ONU e de congressistas.

Pesquisa divulgada pela rede de televisão CNN revelou que 67% dos americanos são contra a separação de filhos e pais. Do total de entrevistados, que considera eleitores democratas, republicanos e independentes, somente 28% afirmaram estar de acordo com a medida de Trump, de cumprir a lei à risca e prender os pais, mesmo que seja necessário separar as crianças. Entre eleitores declaradamente republicanos, 58% afirmaram não desaprovar a medida.

Donald Trump deveria ser processado criminalmente no Tribunal Penal de Haia, pois é flagrante a violação dos direitos humanos no caso das crianças separadas dos pais e colocadas em verdadeiras gaiolas. (Com ABr)