PF faz operação para prender envolvidos em fraude no Rodoanel e cria novo problema para Alckmin

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (21) a Operação Pedra no Caminho, que apura desvio de recursos públicos nas obras do trecho norte do Rodoanel Mário Covas, em São Paulo.

Ao todo são 15 mandados de prisão temporária e 51 mandados de busca e apreensão, cumpridos na capital paulista e nas cidades de Carapicuíba, Arujá, Bofete, Ribeirão Preto e São Pedro, além de Marataízes e Itapemirim, no Espírito Santo.

O inquérito policial foi instaurado em 2016, após denúncia de ex-funcionário de uma empresa que atuou nas obras. Ele apontou manipulações em termos aditivos ao contrato da obra, com o claro objetivo de aumentar o valor pago às empreiteiras.

Os aditivos contratuais, na fase de terraplanagem, eram para a remoção de rochas, mesmo que o projeto inicial já contemplasse o custo dessa remoção. A irregularidade gerou sobrepreço de mais de R$ 131 milhões.

De acordo com perícia da Polícia Federal e relatórios do Tribunal de Contas da União e da Controladoria-Geral da União, um dos cinco lotes onde houve aditivos para a remoção de rochas teve sobrepreço de R$ 33 milhões.


Um dos presos é Laurence Casagrande Lourenço, ex-diretor presidente da Dersa, principal alvo da operação. Ligado ao ex-governador Geraldo Alckmin, presidenciável do PSDB, Casagrande atualmente preside a Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

Em 2017, Laurence acumulou o cargo de secretário de Transportes e Logística do governo Alckmin e deixou a pasta quando o então vice-governador Márcio França (PSB) assumiu o Executivo paulista. Laurence atua no governo do PSDB há pelo menos 17 anos, tendo passado também pela Secretaria da Segurança Pública e Fundação Casa.

A prisão de Casagrande é mais um entrave na campanha de Geraldo Alckmin, que por enquanto enfrenta problemas para impulsionar sua candidatura ao Palácio do Planalto. Nas pesquisas de opinião, o ex-governador de São Paulo oscila entre 7% e 8% de intenção de voto, índices baixos para quem sonha em comandar o País.

Os acusados responderão pelos crimes de fraude à licitação, estelionato contra o poder público, falsidade ideológica e associação criminosa, de acordo com as respectivas participações no esquema criminoso. Os presos permanecerão na sede da Superintendência da PF em São Paulo, à disposição da Justiça Federal.