Decisão de ministro do STF em favor de Eduardo Cunha revela a extensão da incoerência do PT

Exigir coerência dos políticos brasileiros é tarefa hercúlea, talvez seja missão impossível, como sempre afirma o UCHO.INFO, cujo editor conhece a miúde as entranhas do poder. A situação torna-se ainda mais grave quando em jogo estão interesses obtusos, como, por exemplo, a almejada soltura de Lula, que na opinião deste noticioso não deixará a prisão tão cedo.

O Partido dos Trabalhadores, principalmente sob o comando da senadora Gleisi Helena Hoffmann, sempre abusou da estridência gazeteira para condenar decisões judicias contra a legenda ou para protestar contra outras que eventualmente beneficiaram adversários, em especial os figadais.

Até recentemente, Eduardo Cunha era acusado de ser o artífice do golpe que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, apeada do poder com base na legislação vigente. Ou seja, a cantilena do golpe é mais um subterfugio petista para dar vazão ao desespero que toma conta do partido.

O nome de Cunha também foi pronunciado diversas vezes pelos “companheiros” quando o objetivo era disparar críticas ao governo do presidente Michel Temer. Um dos momentos em que o vozerio esquerdista cresceu na direção de Eduardo Cunha aconteceu por ocasião da divulgação da gravação de conversa nada republicana entre Temer e o empresário Joesley Batista, recebido fora da agenda presidencial e na calada da noite no Palácio do Jaburu.


O episódio foi suficiente para engrossar o palavrório do PT e dos satélites ideológicos da legenda, que há muito instem na tese do golpe, apenas porque não há explicação juridicamente plausível para condenar o impeachment de Dilma.

Contudo, o nome de Eduardo Cunha foi esquecido pelos “camaradas” na quinta-feira (28), quando o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, decidiu pela concessão de habeas corpus em favor do ex-presidente da Câmara dos Deputados. Cunha continuará preso por causa de ações penais a que responde por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes. A decisão do ministro ocorreu no âmbito de ação penal em que Eduardo Cunha é acusado de receber propina para favorecer empreiteira na construção da Arena das Dunas, em Natal, um dos palcos da Copa do Mundo de 2014.

O silêncio petista em relação à decisão que beneficiou Cunha tem uma explicação, que comprova a incoerência predominante na política nacional. O PT continua com os dedos cruzados na esperança de que o mesmo Marco Aurélio Mello decida monocraticamente e coloque Lula em liberdade provisória.