Com a temperatura subindo na defesa de Lula, Sepúlveda Pertence pode “jogar a toalha”

Enquanto os brasileiros paravam diante da televisão para acompanhar os jogos da seleção nacional, a temperatura subia na milionária defesa de Lula, condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista.

Colecionando seguidas derrotas em todas as instâncias da Justiça, os advogados se desentendem por causa da estratégia da defesa do ex-metalúrgico. Com mais condenações a caminho, o advogado Cristiano Zanin Martins, que ganhou notoriedade por ser o primeiro advogado a defender Lula não âmbito da Operação Lava-Jato, está à frente do plano de afrontar o Judiciário por meio de críticas contumazes e ataques descabidos.

Genro do também advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e réu na Lava-Jato, Zanin Martins mescla rompantes de histrionismo com excesso de justificativas rocambolescas, o que piora a difícil situação do ex-presidente da República.

Por outro lado, o advogado Sepúlveda Pertence, amigo de longa data do ex-metalúrgico, recentemente estava decidido a deixar a dourada defesa de Lula, mas parece ter reavaliado sua decisão. Talvez porque percebeu que o petista-mor corre o risco de ser condenado e passar longa temporada atrás das grades.


Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – foi presidente da Corte –, Pertence classificou como perigosa a carta de Lula com duras críticas ao ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF.

O advogado pretende ir a Curitiba nos próximos dias para conversar com o ex-presidente, acreditando que ainda é possível mudar os rumos da defesa. Mesmo assim, não se deve descartar uma conversa do tipo ‘baile do adeus’.

Fato é que a fogueira de vaidades está cada vez maior na defesa de Lula, que precisa decidir qual caminho seguir. Enquanto Cristiano Zanin Martins é fã do confronto desnecessário, o experiente Sepúlveda Pertence é adepto dos chamados “despachos auriculares”, pois transita com invejável desenvoltura nos corredores do Supremo. Entre ambas as estratégias, a de Pertence é a mais sensata.

Lula, que continua negando envolvimento no maior e mais ousado esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, precisa explicar aos brasileiros como custear uma defesa com advogados caros e renomados, como, além de Pertence, o criminalista José Roberto Batochio e o especialista em direitos humanos Geoffrey Robertson, australiano com elegante escritório em Londres.

É importante ressaltar que o próprio Lula disse, em depoimento à Justiça Federal do DF, que tem renda mensal de aproximadamente R$ 30 mil, valor insuficiente para contratar advogados que sentam-se à mesa de negociações tem no pensamento pelo menos oito dígitos.