Trump tenta sair de encontro da OTAN como vencedor, mas é desmentido por membros da aliança

    Sempre comportando-se como se fosse o dono da bola, sem a qual o time do bairro não entra em campo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, precisa considerar a possibilidade de buscar ajuda de um especialista para tratar sua quase irreversível mitomania.

    Quem conhece a política internacional com doses rasas de intimidade sabe que Trump mente toda vez que participa de encontros com líderes de outros países. A mais absurda, mentirosa e irresponsável declaração de Donald Trump surgiu após o encontro com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un. E vem rendendo frutos tão pífios quanto o discurso inicial.

    Trump afirmou que a segurança na Península das Coreias estava restabelecida, como se isso fosse simples e fácil como acionar o interruptor da luz da sala. Kim Jong-un, que mantém o regime mais fechado do planeta apenas porque serve de massa de manobra de Pequim e Moscou, não conseguiu o encontro com o presidente dos EUA apenas porque sofre de idiotia.

    Kim é experimentado e sabe jogar de maneira estratégica quando deseja alcançar os próprios interesses. Ciente de que Trump rompe acordos, o mandatário norte-coreano não avançará no acordo de desnuclearizacao do país, pois sabe que seu poder de fogo é a única garantia de que a Coreia do Norte não será invadida por Washington.

    Mentira oficial

    A mais nova bizarrice discursiva de Donald Trump surgiu logo depois da reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Bruxelas, na quinta-feira (12). O presidente americano deixou o encontro declarando vitória e afirmando que os países-membros cederam à sua pressão e concordaram em aumentar para 4% do PIB os gastos com defesa.

    “O compromisso dos Estados Unidos com a OTAN continua muito forte”, disse Trump aos jornalistas. O presidente americano usou sua participação no encontro em Bruxelas para repreender os membros da Aliança Atlântica por não gastarem o suficiente com defesa. Ele acusou a Europa de se aproveitar dos EUA e levantou dúvidas sobre defender os aliados em caso de ataque.

    “Eu avisei que estava extremamente infeliz com o que estava acontecendo”, disse o presidente, acrescentando que os países europeus concordaram eu aumentar seus gastos. “Eles aumentaram substancialmente seu comprometimento e agora estamos muito felizes e temos uma OTAN muito, muito poderosa, muito forte”, declarou.

    No momento em que ataca os próprios aliados, Trump confirma o que nove entre dez pessoas sabem: ele é temperamental, histriônico e nada confiável. Apesar disso, continua acreditando que é possível continuar brincado de “xerife do universo”.


    Em 2014, muito antes de Trump pensar em ser candidato, os países da OTAN se comprometeram a gastar 2% de seu PIB na área de defesa até 2024. Em outras palavras, os membros da aliança estão dentro do prazo e honrando o combinado. Mesmo assim, pouco mais da metade dos países atingirá a meta dentro do prazo estipulado.

    Não foi necessário muito tempo para que Trump fosse vergonhosamente desmentido. O primeiro a fazer foi o presidente da França, Emmanuel Macron, que contestou a declaração do seu homologo americano, afirmando que os gastos com defesa chegarão a 2% do PIB de cada país, meta a ser alcançada até 2024.

    A fala do presidente francês ocorreu em meio a relatos de que Trump teria ameaçado deixar a aliança caso seus membros não aumentassem os gastos, mas autoridades disseram que nenhuma ameaça explícita foi feita. “O presidente Trump nunca, em público ou em particular, ameaçou se retirar da Otan”, afirmou Macron.

    Macron, durante coletiva, rejeitou a afirmação de Trump de que os signatários concordaram em aumentar a meta para além dos 2% já estabelecidos. Ele disse apenas que os países membros reiteraram sua intenção de chegar aos 2% até 2024.

    A fala do presidente francês ocorreu em meio a relatos de que Trump teria ameaçado deixar a aliança caso seus membros não aumentassem os gastos, mas autoridades disseram que nenhuma ameaça explícita foi feita. “O presidente Trump nunca, em público ou em particular, ameaçou se retirar da OTAN”, afirmou Macron.

    A truculência de sempre

    Trump adotou tom agressivo durante a cúpula em Bruxelas, colocando em xeque o valor da aliança que balizou, durante décadas, a política externa norte-americana. O presidente dos EUA dirigiu-se aos aliados através do Twitter, afirmando que “presidentes têm tentado sem sucesso, por anos, fazer a Alemanha e outras nações ricas da OTAN a pagar mais por sua proteção da Rússia”.

    Ele reclamou que os Estados Unidos “pagam dezenas de bilhões de dólares” para subsidiar a Europa e exigiu que os membros da OTAN cheguem à meta dos 2%, acrescentando que “deve chegar a 4%”.

    Durante a viagem, Donald Trump questionou a necessidade de se manter a aliança, um dos importantes pilares do plano contra eventual ataque soviético. “De que adianta a OTAN se a Alemanha está pagando à Rússia bilhões de dólares por gás e energia?”, escreveu no Twitter.

    Donald Trump é um incompetente conhecido, mas faz a alegria dos extremistas da direita planetária, que continuam apostando no radicalismo como forma de solucionar os problemas que rondam o globo. O presidente dos EUA, que conseguiu levar o próprio cassino à bancarrota, desde que chegou à Casa Branca quer dar ordens aqui e acolá. Os americanos ainda hão de pagar a conta dessa brincadeira de menino mimado e turrão.