O futebol retorna aos gramados e traz de volta a cobrança de propina por parte de fiscais paulistanos

Há dias, em entrevista à rádio Jovem Pan, o empresário João Agripino da Costa Doria Junior, pré-candidato do PSDB ao palácio dos Bandeirantes, disse que seu sucessor na Prefeitura de São Paulo, o também tucano Bruno Covas, está dando continuidade a uma gestão inovadora e eficiente.

Doria tem o direito constitucional de manifestar livremente o seu pensamento, mas não pode querer enganar a opinião pública. Primeiro porque sua passagem pela Prefeitura paulistana foi um fiasco monumental, algo que pode ser constatado por quem circular pela maior cidade brasileira, que está literalmente abandonada.

Em segundo lugar, beira a leviandade a afirmação de que Covas está dando continuidade em uma gestão inovadora. O que se vê nos bastidores do poder é a política velhaca, protagonizada por agentes públicos que fecham os olhos para escândalos de todos os naipes.

Com o final da Copa do Mundo e a merecida desclassificação da seleção brasileira, o futebol nacional retoma seu caminho no vácuo de competições interrompidas por conta da disputa na outrora terra dos czares.

Com o retorno de certames futebolísticos importantes, como Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, volta à cena na cidade de São Paulo a ação criminosa de fiscais da Prefeitura, sempre prontos para extorquir ambulantes que buscam a sobrevivência no entorno de estádios e arenas esportivas. Após um mês sem arrecadar propina, os fiscais retornam à atividade criminosa com o apetite redobrado. Pelo menos essa é a expectativa dos ambulantes que tentam driblar a crise econômica com a venda de sanduiches e bebidas.


Não é a primeira vez que o UCHO.INFO denuncia o esquema que circunda os estádios, que de igual modo se fez presente no Carnaval paulistano, mais precisamente na Avenida 23 de Maio, onde fiscais arrecadaram mais de R$ 160 mil em propina.

Em um dos flancos da corrupção levada a cabo por fiscais da Prefeitura de São Paulo estão pessoas envolvidas na cobrança de aluguel na ocupação ilegal que tomou corpo no Edifício Wilton Paes de Almeida, no centro da capital paulista, e que ruiu após incêndio no dia 1º de maio. Dias antes do início da Copa da Rússia, a representante de um delinquente que atuava no edifício que desabou no Largo do Paissandu por pouco não foi presa nas proximidades do Estádio do Morumbi, no momento em que cobrava propina de um ambulante.

A Secretaria da Prefeituras Regionais é responsável por acompanhar o trabalho dos fiscais e punir os transgressores, mas essa operação torna-fica comprometida pelo fato de que o secretário Marcos Penido, titular da pasta, esteve à frente da Secretaria de Serviços e Obras durante o processo da PPP da Iluminação Pública. A licitação da PPP foi marcada por inúmeras irregularidades, todas com o intuito de beneficiar o consórcio vencedor (FM Rodrigues / Consladel), mas o contrato acabou suspenso pela Justiça em razão de rumoroso escândalo de corrupção.

Resumindo, Bruno Covas não apenas passa longe da inovação e da eficácia em termos de gestão público, mas fecha os olhos para a contumaz cobrança de propina por parte dos fiscais. Com a palavra, o prefeito da cidade de São Paulo.