Doria desiste de rebater Skaf porque sabe que escândalo da PPP da Iluminação ainda fervilha

Presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a poderosa FIESP, e pré-candidato do MDB ao governo paulista, Paulo Skaf continua firme no seu propósito de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, projeto que persegue há algum tempo.

Há dias, em entrevista à rádio Jovem Pan, Skaf não economizou palavras para criticar seu principal adversário na disputa, o tucano João Agripino da Costa Doria Junior, que insiste em afirmar que é gestor. Contudo, o caos em que se encontra a cidade de São Paulo aponta na direção contrária e endossa a declaração do emedebista.

Paulo Skaf, na entrevista, disse que Doria abusa do discurso de que não é político, mas gestor, porém “é o mais político de todos”. O ex-prefeito de São Paulo ganhou notoriedade no meio político por adotar o estilo “bateu, levou”, algo que sempre colocou em prática com excesso de ironia e contundência. O que agrada a massa adepta da beligerância, mas nem sempre produz resultado prático.

Muito estranhamente, diante da afirmação de Skaf, o candidato do PSDB preferiu adotar um silêncio obsequioso. Há quem diga que Doria desistiu de rebater a declaração de Skaf na esperança de que o emedebista desista de concorrer ao governo de São Paulo e embarque na sua campanha. Algo difícil de acontecer, pelo menos por enquanto.


Egocêntrico incorrigível, Doria continua acreditando ser o último gênio da raça, mas daí a ser um gestor, como ele próprio tenta se vender, é outra história, talvez estória. Quem circulou pela maior cidade brasileira nos últimos dezoito meses não fez muito esforço para perceber que João Doria abusou da fanfarronice à frente da prefeitura paulistana, tendo realizado muito pouco. Na verdade, ficou conhecido como o “rei da espuma”, tamanho foi o uso do marketing pelo então prefeito.

Fosse João Doria o gestor por excelência que ele próprio brada aos quatro cantos, o escândalo de corrupção que suspendeu a PPP da Iluminação Pública não teria ocorrido. Durante o processo de licitação da PPP Doria sempre soube das irregularidades que marcaram a disputa entre os consórcios concorrentes. As alegações para afastar um dos consórcios eram tão absurdas, que não encontravam respaldo jurídico nem mesmo com muito esforço do pensamento.

Com um contrato no valor de R$ 7 bilhões sendo direcionado para um dos consórcios participantes da licitação, que, segundo denúncia levada ao Ministério Público de São Paulo, pagava propina a integrantes do Departamento de Iluminação Pública da Prefeitura, Doria longe de ser o aludido gestor.

O potencial devastador do escândalo da PPP é tamanho, que até mesmo o popular padre Marcelo está em vias de ser arrastado ao olho do furacão. De acordo com a denúncia levada ao MP paulista, o Ilume (Departamento de Iluminação Pública de São Paulo) teria feito reformas no santuário comandado pelo padre Marcelo, localizado na Zona Sul da cidade, às custas do suado dinheiro público. A ex-primeira-dama paulistana, Bia Doria, foi chamada pelo Ministério Público para, na condição de testemunha, prestar esclarecimentos. Ou seja, Doria nem aprendiz de gestor pode dizer que é.