Tarso Genro ignora a realidade do País e defende apoio do PT à candidatura do ultrarradical Boulos

O Partido dos Trabalhadores está cada vez mais sem rumo com a proximidade das eleições e a difícil situação da legenda frente a condenação de Lula, que cumpre pena de prisão em Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Insistindo na candidatura do ex-metalúrgico à Presidência da República e carente do chamado “plano B”, a cúpula petista continua batendo cabeças.

Prova disso é a entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo” por Tarso Genro, ex-ministro da Justiça e da Educação nos governos do “companheiro” Lula. Considerado um dos destacados representantes da ala mais à esquerda do PT defende o apoio do partido ao ultrarradical Guilherme Boulos, candidato do PSol ao Palácio do Planalto.

Genro, que foi governador do Rio Grande do Sul e após o escândalo do Mensalão do PT assumiu o compromisso de refundar o partido, sem sucesso, prefere Boulos ao correligionário Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e coordenador da campanha de Lula. Haddad vem afirmando de forma reiterada que não será candidato à Presidência, mas há quem garanta que esse discurso é uma forma de desviar a atenção da opinião pública, pois seu nome seria anunciado em cima da hora.

Na opinião de Tarso Genro, cujo palavrório vai na contramão do discurso da atual direção do PT, Boulos é o candidato que reúne condições de liderar uma nova frente política de esquerda na era pós-Lula. Há nesse pensamento esdrúxulo duas questões a serem consideradas. A primeira delas é que nos subterrâneos do PT a candidatura de Lula já é considerada inviável, mas levada adiante porque o partido precisa pelo menos manter o número atual de deputados federais, o que garante fundo partidário sem cortes financeiros.


A segunda questão, a mais grave, é que Tarso Genro, que jamais foi um gênio, agora defende uma radicalização absurda para tentar salvar a esquerda, no momento em que o esquerdismo, de forma merecida, caiu em desgraça no Brasil e em muitos país latino-americanos.

No momento em que o PT tenta agarrar-se a todas as tábuas de salvação que surgem pelo caminho para evitar o encolhimento da legenda, como aconteceu de forma avassaladora nas eleições de 2016, Tarso Genro reaparece em cena com uma proposta dissonante em relação aos anseios do eleitorado nacional: uma guinada à esquerda radical.

Não se pode ignorar que qualquer democracia só existe a partir do equilíbrio de forças – desde que um lado ou outro não bandeie para o banditismo político –, mas pregar o radicalismo é fechar os olhos para a realidade de um país devastado pelo populismo criminoso e pela corrupção.

Por outro lado, é preciso considerar que Lula, cuja candidatura é impossível com base na Lei da Ficha Limpa, prefere perder a eleição presidencial a abrir do controle do PT, o qual vem mantendo mesmo estando cumprindo provisoriamente pena de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.