Brasileiro está preocupado com eleição do próximo presidente, que de novo será refém do Congresso

O Brasil está em perigosa encruzilhada política, sem que haja no horizonte qualquer solução para os problemas do País. Não há candidato, de esquerda ou de direita, radical ou não, capaz de liquidar a enxurrada de problemas que devasta a nação. E que ninguém venham com profecias de camelô, pois conversa fiada já não funciona.

Os eleitores estão preocupados, acima de tudo, com a escolha do próximo presidente da República, como se isso fosse a chave do sucesso. Na verdade, o eleitorado deveria estar com o interesse voltado para a próxima composição do Congresso Nacional, pois o Brasil, que em tese existe politicamente sob o regime presidencialista, na prática é parlamentarista. Ou seja, o Congresso já deixou claro quem manda de fato e dá a palavra final.

Para que o brasileiro compreenda a extensão do perigo, mais de 90% dos deputados federais tentarão a reeleição. Considerando que a atabalhoada reforma eleitoral privilegiou a manutenção do status quo, quem está dentro não quer sair, quem está fora tem dificuldade para entrar. Em outras palavras, na melhor das hipóteses o índice de renovação na Câmara dos Deputados ficará entre 24% e 27%, apenas porque o dinheiro público que financiará as campanhas eleitorais será destinado aos mesmos de sempre. Afinal, é preciso manter o esquema funcionando.


Quem chegar ao Palácio do Planalto querendo mudar tudo da noite para o dia corre o risco de colocar tudo a perder e instalar no País uma guerra civil. Política no Brasil há muito transformou-se em escambo aviltante e criminoso, mas os agentes públicos preferiram batizar essa modalidade com o pomposo nome de presidencialismo de coalizão. É preciso cautela e paciência para o mudar o cenário, sem quebrar o tabuleiro durante o jogo.

Mudar a realidade do País não é desafio para um mandato presidencial, nem mesmo para dois, considerando a reeleição do presidente da República. É missão que pode exigir algumas décadas, mas é preciso começar em algum momento, sem que o cidadão fique preso ao egoísmo apenas porque não desfrutará do resultado. É importante pensar nas próximas gerações, assim como não se deve esperar a coisa pronta.

De nada adiante prometer aos eleitores aquilo que é impossível por depender do Legislativo. E nos moldes atuais isso significa sentar-se à mesa para negociar com os velhacos da política. Em suma, qualquer que seja o eleito ao Executivo federal terá de se render ao sistema. Sair por aí afirmando que é possível colocar o País nos trilhos, inclusive a fórceps se for preciso, é induzir o eleitor a erro para garantir votos. Corajoso seria dizer o que é possível fazer, mas em uma eleição acirrada poucos se atrevem a isso.

É preciso repensar o Brasil com parcimônia e no longo prazo, reinventando o Estado com lógica e responsabilidade.