Marta deixa o MDB e não tentará a reeleição; Covas Neto pode se beneficiar na corrida ao Senado

Ex-prefeita de São Paulo e senadora pelo MDB, Marta Suplicy anunciou na tarde desta sexta-feira (3) sua desfiliação do partido e que não disputará a reeleição. A informação veio acompanhada da recusa ao convite para ser candidata a vice na chapa de Henrique Meirelles, candidato do MDB à Presidência da República.

É preciso reconhecer que o atual cenário da política nacional é desanimador, mas algo sério deve ter ocorrido nas coxias emedebistas para que Marta “jogasse a toalha”. Talvez um ultimato da cúpula do partido que ela fizesse dupla com Meirelles.

“A relação de grande parte dos partidos e de parlamentares com o Executivo na base de nomeações e vantagens levou ao insuportável ‘toma lá dá cá’, afrontando todos os padrões de dignidade e honradez da sociedade. Esse sistema faliu e precisa ser, urgentemente, reformado” afirmou a senadora em “Carta aos Paulistas”, divulgada nesta sexta-feira (3).
Marta Suplicy permaneceu durante 33 anos no Partido dos Trabalhadores, até filiar-se ao MDB – à época PMDB – em setembro de 2015, durante evento político-partidário na cidade de São Paulo. Na ocasião, a senadora elogiou o então presidente da legenda, Michel Temer, afirmando que ele tinha capacidade de reunificar o País e que era preciso acabar com a corrupção.

“A gente quer um Brasil livre da corrupção […]. Michel, conte comigo para reunificar os sonhos, reunificar o país. Vamos todos unir o Brasil”, disse Marta no evento de filiação.


“A gente quer um Brasil livre da corrupção […]. Michel, conte comigo para reunificar os sonhos, reunificar o país. Vamos todos unir o Brasil”, disse Marta no evento de filiação.

É difícil saber se naquele momento Marta Suplicy desejava enviar uma mensagem cifrada ao PT, partido que chafurdou na lama da corrupção e acertadamente foi comparado a uma organização criminosa na esteira das investigações da Operação Lava-Jato, ou queria impressionar alguém com tal declaração.

Com tantos anos na política, Marta jamais foi considerada uma desavisada nessa seara, pelo contrário. E sempre soube como se dava o desenrolar dos fatos nos bastidores do poder. Aliás, não se deve esquecer que Marta Suplicy, em 2004, quando tentou a reeleição à prefeitura paulistana, no segundo turno contou com o apoio de ninguém menos que Paulo Salim Maluf, seu eterno desafeto e cujo currículo dispensa maiores apresentações.

Com a desistência de Marta Suplicy, quem deve assumir a segunda posição na corrida ao Senado pelo mais importante estado da federação é Mario Covas Neto, o Zuzinha, do Podemos, que em março passado deixou o PSDB atirando para todos os lados. Zuzinha, que era vereador na capital paulista, disse à época que o PSDB não mais representava os ideais do seu pai, o ex-governador Mario Covas, nome respeitado no tucanato.