Bolsonaro mente ao dizer que critério da “governabilidade” foi usado para escolha do general Mourão

Se há na política nacional alguém que personifique a dissimulação com reconhecida destreza, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, está entre os primeiros da fila.

Depois de fracassar em quatro investidas para conseguir um candidato a vice – o senador Magno Malta (PR), o general Augusto Heleno (PRP), a advogada Janaina Paschoal e o empresário Luiz Phillipe de Orléans e Bragança – Bolsonaro disse, durante almoço com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Fierj), neste segunda-feira (6), que o critério para a escolha do general Hamilton Mourão (PRTB) foi o da “governabilidade”.

Quando o UCHO.INFO afirma que Bolsonaro é despreparado, seus seguidores reagem de forma colérica e partem para o contra-ataque, até porque não sabem discutir ideias de forma democrática, com parcimônia e inteligência. Um candidato que escolheu em cima da hora um candidato à vice que lhe restou não pode, horas depois, alegar tamanho absurdo, pois o general Mourão não é capaz de garantir governabilidade alguma, caso o candidato do PSL seja eleito presidente.

Na verdade, segundo o jornalista Ancelmo Gois, do jornal “O Globo”, Bolsonaro só não anunciou o Luiz Phillipe como candidato a vice porque o príncipe chegou atrasado duas horas ao encontro agendado para o último sábado (4). Ou seja, além do quesito governabilidade jamais ter entrado na pauta, o motivo da escolha do general é simplesmente ridículo.


Por outro lado, no encontro com empresários na Fierj, Jair Bolsonaro justificou a escolha do general Mourão como companheiro de chapa com declaração que não apenas preocupa, mas configura clara ameaça à democracia. O candidato declarou que precisa de um vice que “meta o pé na porta”.

Um candidato à Presidência que em entrevista diz desconhecer diversos assuntos relacionados ao governo, começando pelos econômicos, e em encontro com empresários não se incomoda em afirmar que precisa de um vice que “meta o pé na porta” não pode assumir o comando de um país que depende do diálogo para buscar a solução para os muitos problemas que aí estão.

Considerando que no modelo político brasileiro o Executivo depende do Legislativo, “meter o pé na porta”, como sugere Jair Bolsonaro, não é a melhor receita, a não ser que o candidato do PSL esteja antecipando os eu desejo de fechar o Congresso e transformar o Brasil, mais uma vez, em uma ditadura militar, em que um general terá de se submeter às ordens de um capitão.