Ex-advogado de Trump que comprou silêncio de mulheres fecha acordo com procuradores

Definitivamente Donald Trump está a viver uma semana das mais complexas, com contornos de inferno astral. Talvez o presidente dos Estados Unidos só consiga viver à sombra das polêmicas e das confusões, binômio que alavancou sua existência ao longo dos anos.

Após negar inicialmente ter autorizado a compra do silêncio de mulheres com quem teve relacionamentos extraconjugais, Trump foi surpreendido nesta terça-feira (21) com a notícia de que seu ex-advogado, Michael Cohen, fechou um acordo com procuradores para se declarar culpado em uma investigação federal, segundo informações da imprensa americana.

A rede CNN informa que Cohen deve se declarar culpado por “múltiplas” violações de financiamento de campanha, fraude fiscal e bancária. O acordo deve incluir o tempo de prisão e valor de multa.

De acordo com o jornal “The New York Times”, as investigações relacionadas a Cohen concentraram-se em parte em seu papel de ajudar a fechar acordos financeiros para garantir o silêncio de mulheres que disseram ter tido casos com o presidente Donald Trump, incluindo a atriz pornô Stormy Daniels e a ex-modelo da Playboy Karen McDougal.

Os procuradores querem saber se o pagamento feito a elas envolve dinheiro da campanha presidencial do republicano, o que violaria as leis federais sobre financiamento de campanha. As autoridades federais também investigam se Cohen cometeu fraudes bancárias e fiscais. Fontes disseram ao NYT que o acordo não inclui colaboração premiada por parte do advogado.


Cohen foi advogado de Trump e seu confidente durante anos. Depois, ele passou a aconselhar o presidente em negócios imobiliários e questões pessoais. Em julho passado, foi divulgado que o FBI apreendeu gravações de conversas entre o Trump e Cohen durante busca e apreensão no escritório do advogado, em Nova York.

Em um dos áudios, ambos discutem o pagamento para comprar os direitos sobre a história de McDougal. Após a divulgação da existência dos áudios, Trump criticou o ex-advogado, dizendo ser inaceitável e “talvez ilegal” o fato de um advogado gravar o cliente.

No caso de Stormy Daniels, o presidente admitiu que Michael Cohen chegou a um acordo de confidencialidade, em seu nome, com a atriz pornô e que reembolsou o valor pago. Cohen pagou US$ 130 mil a Stormy dias antes da eleição do republicano para que ela não revelasse o encontro.

Trump negou que o dinheiro usado para comprar o silêncio de Stormy Daniels era do caixa da campanha, mas alegou que as acusações eram “falsas e extorsivas”.

Esse quadro dificulta sobremaneira a situação política de Donald Trump, uma vez que em 6 de novembro os EUA realizarão eleições legislativas, quando serão escolhidos os candidatos para as 435 cadeiras do Congresso e renovadas 34 das 100 cadeiras do Senado.