Gleisi tenta minimizar escândalo dos influenciadores digitais e diz que PT está “averiguando situação”

O caso envolvendo o PT e os influenciadores digitais contratados para publicar nas redes sociais comentários favoráveis a candidatos petistas configura crime eleitoral, sem qualquer espaço para contestação, mas é devaneio imaginar que a Justiça Eleitoral tomará alguma medida para punir o partido e os beneficiados por mais essa armação da “companheirada”, seguindo à risca o que determina a legislação vigente.

A ação foi denunciada pela influenciadora digital Paula Holanda, que alega ser jornalista. Em sua conta no Twitter, ela afirmou ter sido procurada por uma representante da agência de marketing digital Lajoy e convidada para participar de ação “de militância política para a esquerda”, não de cunho partidário. Paula informou na rede social que aceitou participar em troca de dinheiro.

Logo de saída, a regra eleitoral prevê multa de até R$ 30 mil para esse tipo de transgressão, valor irrisório para um partido que comandou o maior e mais acintoso esquema de corrupção da história da humanidade, tendo desviado dos cofres públicos algumas dezenas de bilhões de reais. Como no Brasil a Justiça é lenta e a memória da população é curta, o caso deverá cair na vala do esquecimento, mas antes disso os beneficiados pelo escândalo poderão ser eleitos. Vencida essa etapa, a possibilidade de punição torna-se mais difícil, uma vez que recursos judiciais serão interpostos à exaustão.


Se a Justiça Eleitoral há décadas fecha os olhos para a prestação de contas dos candidatos, que nesse período forneceram dados contábeis desprezíveis se comparados aos gastos milionários de suas respectivas campanhas, não será agora que a espada de Dâmocles há de entrar em ação. Caso isso de fato aconteça, não será sobre as coroadas cabeças do petismo, pois a senadora Gleisi Helena Hoffmann, presidente nacional do PT, que já se movimenta nos subterrâneos da legenda, dirá que desconhecia a manobra espúria.

“O PT nunca adotou este tipo de prática, nossas relações com as redes sempre foram de respeito e militância”, disse Gleisi. “Nunca pagamos ninguém para falar em rede, muito pelo contrário. Estamos averiguando o que é isso, para esclarecer essa situação,” completou a senadora, que parece não se lembrar dos tempos em que estatais bancavam os chamados “blogs sujos” para que publicassem matérias favoráveis à então presidente Dilma Rousseff.

Paula Holanda aceitou publicar comentários favoráveis a Gleisi Hoffmann e Luiz Marinho (candidato do PT ao governo de São Paulo), mas rebelou-se quando foi informada que deveria escrever a favor do petista Wellington Dias, governador do Piauí e candidato à reeleição. O estranho comportamento da influenciadora digital mostra que não fosse sua inexplicável e repentina aversão ao governador piauiense, a ilegalidade petista continuaria sem problemas. Mesmo assim, essa tal “jornalista” quer ser reconhecia como a rainha da moralidade.

Em relação a Gleisi Hoffmann, que ninguém acredite na cantilena de que o partido está averiguando o caso, pois desde 2005 o Partido dos Trabalhadores está checando informações relacionados ao escândalo de corrupção que ficou conhecido como Mensalão do PT. Passados 13 anos (o número é cabalístico para a legenda), os “companheiros” ainda não chegaram a uma conclusão.