Jucá deixa liderança do governo e critica questão dos venezuelanos porque precisa se reeleger senador

A decisão do senador Romero Jucá (MDB-RR) de deixar a liderança do governo no Senado Federal não causou grande surpresa aos palacianos. Jucá alegou que é contra a decisão do governo do presidente Michel Temer de não fechar a fronteira com a Venezuela, como forma de conter o fluxo de refugiados do país sul-americano.

Fugindo de uma situação econômica gravíssima e sem precedentes, fruto da estabanada ditadura comunista comandada por Nicolás Maduro, os venezuelanos têm se arriscado em busca de uma condição de vida que passe ao largo de miséria. Esse fluxo migratório tem causado problemas em Pacaraima, cidade do estado de Roraima que faz fronteira com a Venezuela.

O governo brasileiro já anunciou que não fechará a fronteira com a Venezuela, mantendo a tradição acolhedora do País e respeitando os acordos internacionais. É preciso encontrar soluções urgentes para o problema que afeta os refugiados venezuelanos, pois trata-se de uma questão humanitária, não de um fato ideológico, como muitos querem rotular a onda migratória.


A decisão de Romero Jucá é meramente política, pois o senador está em campanha pela reeleição e percebeu que esse discurso pode render votos. Há dias, roraimenses entraram em confronto com venezuelanos depois que alguns refugiados roubaram um comerciante em Pacaraima. Os venezuelanos tiveram suas barracas e pertences queimados por moradores locais.

Jucá comunicou a alguns ministros palacianos que cobrará publicamente do governo Temer, com a contundência típica de campanhas eleitorais, o imediato fechamento da fronteira. Os assessores do presidente da República sabem que tudo não passará de “fogo amigo” previamente avisado, mas que poderá dar a Jucá alguns votos a mais.

Resta saber se os eleitores roraimenses cairão nessa armadilha, pois, não fosse ano de eleições, Romero Jucá, que há muito parece enfrentar um inferno astral político, certamente estaria a defender a decisão do governo de manter aberta a fronteira com a Venezuela. Como político não escreve sentado o que fala em pé, e vice-versa, Jucá é apenas um em meio a muitos.