Bolsonaro, se eleito, não poderá fazer do Palácio do Planalto um bunker familiar contra a democracia

Candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro não pode ser chamado de “falso Messias”, pois esse nome consta da sua certidão de nascimento, mas seu discurso tosco e falacioso continua correndo Brasil afora, como se atentar contra a democracia fosse a solução para os problemas nacionais.

Embusteiro, Bolsonaro tenta “vender” ao eleitorado a ideia de que representa o novo na política, onde está há quase três décadas, tendo carregado para esse universo toda a família, ou seja, não é algo tão ruim quanto o seu discurso trôpego e cheio de armadilhas.

Dono de verborragia marcada pela ciclotimia, Jair Bolsonaro tenta apresentar-se como liberal, mas essa encenação não dura muito, pois sua essência autoritária e truculenta não demora a voltar à cena, revelando o que poderá acontecer com o País caso seja eleito.

Diferentemente do que fez no âmbito Legislativo, Bolsonaro, se chegar ao Palácio do Planalto, não poderá transformar a Presidência da República em um negócio familiar, ao mesmo tempo em que não lhe caberá o direito de delegar aos filhos algumas missões, mesmo que de forma oficiosa. Mesmo que sua prole coloque em prática, com a mesma truculência, suas utópicas ordens.

Há dias, no Twitter, confirmando a teoria de que o fruto não cai longe da árvore, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou”: Vamos mudar o sistema corrupto, nem que seja na bala”. De chofre essa afirmação é uma incitação à violência e ao crime. O combate à corrupção deve acontecer dentro dos parâmetros legais, não à base do tiroteio, como sugere o filho do presidenciável.


A postagem de Eduardo Bolsonaro foi uma resposta ao ex-governador Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, que em propaganda eleitoral criticou a proposta de liberar o porte de arma de fogo no País.

Na postagem, apagada na sequência, Eduardo Bolsonaro refere-se ao candidato tucano como “vulgo merenda”, mas até o momento não há qualquer prova do envolvimento de Alckmin no escândalo da chamada Máfia da Merenda, no estado de São Paulo.

“Sr. Geraldo Alckmin, vulgo ‘merenda’, essa é a mensagem que o Brasil precisa. Necessitamos de homens e mulheres para botar ordem nesta baderna que pessoas como o senhor insistem em perpetuar”.

Muito estranhamente, Jair Bolsonaro passou longos anos no Partido Progressista, um dos mais encalacrados na Operação Lava-Jato, sem em nenhum momento ter se rebelado contra o esquema de corrupção que turbinava a legenda. De igual modo, Bolsonaro não sacou a arma uma só vez para acabar com o esquema. Pelo contrário, manteve um estranho e obsequioso silêncio. Em outras palavras, esse “bom-mocismo” de Eduardo Bolsonaro não convence.

Se a regra eleitoral é o jogo baixo e rasteiro, como propõe o deputado, Jair Bolsonaro a partir de agora é o “vulgo açaí”. Afinal, há provas incontestáveis de que Walderice Santos da Conceição era funcionária fantasma do gabinete do candidato do PSL. Tanto é assim, que o presidenciável tentou junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem sucesso, que o jornal “Folha de S.Paulo” excluísse da internet as reportagens sobre o escândalo.