Gleisi Hoffmann insiste em reunir-se com Lula na prisão, mas juíza não vê urgência em novo pedido

Cada vez menos relevante no Partido dos Trabalhadores, quase ausente no noticiário político desde que ficou claro que o candidato do partido à Presidência da República será Fernando Haddad, a senadora Gleisi Helena Hoffmann agora amarga a derrota de estar impedida de ver Lula como advogada.

A Justiça entendeu que Gleisi não pode, na condição de senadora, advogar contra o Estado ou contra empresas de economia mista, como é o caso da Petrobras. Enfurecida, Gleisi tenta se qualificar como “advogada eleitoral” do ex-metalúrgico, o que também não faz sentido, já que o TSE decidiu que Lula não pode ser candidato.

A senadora, que atuava como porta-voz de Lula, só pode visitar o ex-presidente às quintas-feiras e, sem esse leva e traz, perdeu todo o interesse dos veículos de comunicação que não mais a procuram. “A situação está deixando a ‘presidenta’ enlouquecida”, confidencia uma fonte próxima a Gleisi que faz questão de não ser identificada.

Para piorar a situação, a juíza federal Gabriela Hardt, que está provisoriamente responsável pela 12ª Vara Federal de Curitiba, afirmou não haver motivos para uma decisão urgente no pedido feito pela presidente nacional do PT para que seja revisada a decisão que a impede de atuar como advogada de Lula.

A estratégia de colocar políticos com curso de Direito na condição de advogados de Lula permitiu transformar a cela da Polícia Federal onde o ex-presidente está preso em um comitê eleitoral do PT. O exagero no uso desse expediente levou a juíza Carolina Lebbos a colocar um fim na “festa”. Limitou o acesso e visita de políticos aliados do ex-presidente.


“Não vislumbro urgência no pedido de reconsideração que justifique a atuação desta magistrada para alterar a decisão da juíza natural do feito, sendo oportuno que se aguarde a manifestação da defesa”, escreveu a juíza Gabriela Hardt – que é substituta na 13ª Vara Federal, comandada pelo juiz Sérgio Moro, e responde provisoriamente pela 12ª Vara, responsável pela execução da pena de Lula.

A juíza pediu ainda que o Ministério Público Federal seja consultado sobre o pedido de Gleisi Helena. Foram os procuradores da força-tarefa da Operação Lava-Jato que solicitaram à Justiça que a senadora fosse proibida de atuar como advogada de Lula. No pedido afirmam que a cela especial reservada ao petista foi transformada em comitê de campanha eleitoral.

Gleisi e o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, que atua nos processos eleitorais de Lula, pediram a reconsideração da decisão da juíza Carolina Lebbos Moura, titular do processo de execução penal. Na petição, ela pedia “para reconhecer e declarar o direito de a requerente exercer regularmente sua profissão, nos limites do mandato que lhe foi outorgado”.

De acordo com a petição, os poderes passados por Lula a Gleisi “limitam-se à atuação para defender seus interesses eleitorais”.

No despacho desta segunda-feira (3), a juíza Gabriela Hardt afirma: “inicialmente registro que analisando referida procuração não vislumbro a alegada limitação de atuação à esfera eleitoral, pois nela constam ‘poderes para o foro geral, com a cláusula ad judicia et extra, em qualquer juízo, instância ou tribunal’”.