Prisão de Beto Richa constrange o PSDB e cria problemas para a campanha de Geraldo Alckmin

A prisão do tucano Beto Richa, ex-governador do Paraná, despeja mais uma pesada carga de constrangimento sobre a campanha de Geraldo Alckmin, candidato do PSDB à Presidência da República, que tem enfrentado dificuldades para convencer o eleitorado nacional de que poderá tirar o País do emaranhando de problemas, sendo um deles a avalanche de corrupção.

Alckmin, que até então tinha conseguido escapar dos efeitos colaterais dos escândalos envolvendo Aécio Neves e vinha administrando o estrago provocado pela decisão equivocada do Ministério Público de São Paulo de abrir processo administrativo por uso de caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014, mesmo sem provas, de agora em diante terá de cuidar responder a perguntas sobre as estripulias de Richa.

Nesta terça-feira (11), horas depois do anúncio da prisão de Beto Richa, o presidenciável tucano disse que desconhecia o caso e por isso não faria comentários, mas afirmou que fato de o ex-governador do Paraná ser filiado ao PSDB não significa que a lei não deve ser aplicada com o devido rigor.

A prisão de Beto Richa era esperada por aqueles que acompanham a política paranaense, pois Nelson Leal Júnior, ex-diretor-geral do Departamento de Estradas e Rodagens (DER) do Paraná, em acordo de colaboração premiada, dissecou esquema de corrupção no programa “Patrulha do Campo”, destinado à recuperação das estradas rurais do estádio sulista.


Leal Júnior acusou beto \richa de participação no esquema criminoso, ao lado de empreiteiras paranaenses e de integrantes do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). À época, o DER era subordinado à Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL), cujo titular era José Richa Filho, conhecido como Pepe Richa.

Além dos depoimentos, Leal Júnior apresentou gravações que mostram Pepe Richa como um dos responsáveis pelo esquema criminoso com as empreiteiras paranaenses. Outros dois integrantes do alto escalão do governo Richa também foram presos: Ezequias Moreira, ex-secretário de Cerimonial e Relações Internacionais, e Edson Casagrande, ex-secretário de Assuntos Estratégicos.

A candidatura de Beto Richa ao Senado em tese está mantida, já que sua prisão é preventiva (5 dias), podendo ser prorrogada por igual período. Mesmo assim, o estrago já está feito e deve ter consequências nas urnas. No caso de a prisão ser convertida para preventiva, Richa estará fora da disputa.

Na pesquisa Ibope divulgada na última quarta-feira (4), Beto Richa aparecia em segundo lugar na corrida do Senado da República, com 28% das intenções de voto, atrás de Roberto Requião (MDB), com 43%. Caso a candidatura de Richa desidrate por causa da prisão ou o tucano seja alijado da disputa em função de desdobramentos do caso, o terceiro colocado na pesquisa Ibope é Flavio Arns, da Rede, com 17% das intenções de voto.