Eleitores precisam ter olhos e ouvidos para os candidatos ao Senado e à Câmara dos Deputados

Preocupados com a mais polarizada e inusitada disputa presidencial desde a redemocratização, movida pelo radicalismo e marcada por propostas tão absurdas quanto inexequíveis, os brasileiros parecem não se importar com a composição do Congresso Nacional a partir de 1º de fevereiro de 2019, quando senadores e deputados federais eleitos tomarão posse.

Considerando que o Brasil ainda é uma democracia, mesmo que com alguns esgarçamentos, e deve continuar nesse caminho, o futuro do País, independentemente de quem seja o próximo presidente da República, dependerá de uma sintonia fina entre o Executivo e o Legislativo, sob pena de assim não sendo o caos avançar de forma preocupante.

Por mais que os presidenciáveis prometam resolver os problemas nacionais a toque de caixa, como se empunhassem uma vara de condão, qualquer mudança demandará tempo e exigirá muita negociação política. Isso significa que o futuro do Brasil e dos brasileiros desde já está nas mãos do Congresso, ou seja, nas mãos dos senadores e dos deputados federais.

O que pode parecer algo simples é extremamente complexo, pois no âmbito da Câmara dos Deputados a expectativa de renovação do quadro de parlamentares está na casa de 27%, índice que aponta para o famoso “mais do mesmo”. Não se trata de conformismo, mas de constatação da realidade, uma vez que a recente reforma política (foi um arremedo) garantiu a manutenção do status quo. E muitos dos novos que chegarão à Câmara fazem parte dos grupos que lá estão há muito tempo.

No Senado, a renovação será em tese de dois terços, ou seja, 54 das 81 cadeiras serão renovadas, mas muitos senadores serão reeleitos. E de novo o “mais do mesmo” se fará presente.

Por certo os leitores já foram questionados sobre em quem votarão para senador e deputado. E de igual modo não souberam responder. Nada de errado há no fato de não saber responder, porque o Brasil transformou-se em uma barafunda política jamais vista. A explicação é simples: o brasileiro sempre foi tomado por uma preguiça política assustadora, que o impede de acompanhar o trabalho do seu representante no Legislativo.


Para turbinar ainda mais a preocupação que recai sobre o País, o brasileiro acostumou-se ao longo do tempo com a coisa pronta, aceitando quem faça por ele e sem se importar com o que pensa aquele que faz. Isso explica o cenário ameaçador no âmbito da corrida presidencial.

Deixando de lado a disputa pela Presidência e voltando ao Congresso, é importante que, mesmo faltando pouco mais de três semanas para as eleições, o brasileiro saiba o papel da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, antes de, diante da urna eletrônica, apertar os botões errados.

A Câmara é uma casa legislativa de representação popular, ao passo que o Senado é uma casa legislativa de representação dos estados, não importando a obrigatoriedade de uma referendar projetos aprovados pela outra e vice-versa.

De chofre parece não existir diferença alguma entre a Câmara dos Deputados e o Senado, mas são instituições com competências distintas. Por isso é crucial saber quem eleger para a Câmara e para o Senado. E no momento atual o brasileiro não sabe o que fazer. E os que dizem saber, muitas vezes se mostram dispostos a votar em alguém para o Senado, que na verdade tem competência para estar deputado federal.

O melhor exemplo desse quadro de incerteza política é o estado de São Paulo, mais importante unidade da federação, onde os presidenciáveis têm concentrado suas atividades de campanha, como se o resto do País simplesmente não existisse. Pois bem, na disputa pelas duas vagas do Senado a que são Paulo tem direito, na eleição deste ano, lideram as pesquisas Eduardo Suplicy e Mario Covas Neto, conhecido como Zuzinha.

O UCHO.INFO nada tem contra Suplicy e Zuzinha, pessoal ou politicamente, mas um estado com a pujança e a importância de São Paulo precisaria ser melhor representado no Senado. Não se trata de escarnecer a competência política de um ou de outro, mas é preciso mais, principalmente no momento em que o País está tentando sair da vala da crise. No caso de as pesquisas eleitorais se confirmarem, São Paulo terá como representantes José Serra (PSDB) – seu mandato termina em 2023 –, Eduardo Suplicy (PT) e Mário Covas Neto (Podemos).