Após fracassar na tentativa de ser candidata à Presidência, Gleisi quer implodir a campanha de Haddad

Maior que a ambição de Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), apenas sua própria incompetência. A senadora jogou até o último instante tentando inviabilizar o “companheiro” Fernando Haddad como substituto de Lula na chapa petista à Presidência da República, mas acabou fracassando.

Gleisi, sabem os brasileiros, preferia que o partido não tivesse candidato para que ela continuasse atuando como uma espécie de sacerdotisa da seita profana, mas seu plano também naufragou. Na verdade, o que a presidente nacional do PT sonhava era ser candidata à Presidência pelo partido, incorporando a “ideia” Lula. Esse sonho a senadora traz desde a época em que inexplicavelmente ocupou a Casa Civil do governo Dilma.

Com o fracasso generalizado na seara de Gleisi acontecendo no melhor estilo “efeito dominó”, na undécima hora Haddad foi ungido candidato, mas engana-se quem pensa que a senadora sossegou. Agora ela aposta suas fichas em outra empreitada destrambelhada, que vai na contramão da lógica.

Como já noticiou o UCHO.INFO, a presidente do PT quer dar ordens na campanha de Fernando Haddad, como se a ela coubesse esse papel. Quando ouviu dizer que o Haddad tentava lançar pontes com o mercado financeiro, sinalizando que, caso eleito, escolheria um economista ortodoxo, Marcos Lisboa, a senadora violou a cena e vetou: “Não é hora de Haddad dedicar tempo aos operadores financeiros”, decretou. Para a petista, o candidato precisa ir “para as ruas tomar banho de povo” e não ter as “agendas fechadas, com núcleos de poder”.


Gleisi Hoffmann continua acreditando ser a versão feminina de Aladim, mas falta-lhe tutano para interpretar no mais profundo escaninho o instável cenário eleitoral que assusta o País em todos os quadrantes. No momento em que o mercado financeiro reage negativamente diante de candidatos não compromissados com as reformas que o País necessita para sair do atoleiro da crise, o melhor é recorrer ao diálogo, não insistir na retórica radical, como a da senadora e de muitos “companheiros”.

A senadora paranaense sabe que o seu protagonismo no partido está com os dias contados, principalmente se a previsão de que Fernando Haddad chegará ao segundo turno se confirmar. Sem cacife eleitoral para tentar a reeleição, Gleisi foi obrigada a concorrer à Câmara dos Deputados, correndo o risco de tropeçar nas urnas. Caso queira ser eleita e apenas mudar de casa legislativa, a ainda senadora deveria dedicar-se à própria campanha.

Fernando Haddad, por sua vez, é um ponto fora curva dentro do petismo. Não tem o ranço típico dos petistas egressos do sindicalismo, a ponto de ser considerado por alguns como um tucano descaracterizado. Pessoa afável e disposto ao diálogo, Haddad tem como maior problema o partido ao qual é filiado. E isso é um peso e tanto na bagagem. Mas é preciso levar em conta que o presidenciável petista é paciente, pois soube esperar Lula desistir da sua inviável candidatura no segundo tempo da prorrogação. Por conta disso, terá de passar o tempo que resta da campanha esclarecendo que ele é Lula apesar de não ser Lula, pelo contrário.

Para completar, terá de lidar com uma presidente do próprio partido que claramente não o tolera, acredita que ele não tem méritos para ser o candidato do da legenda e que tomou o lugar que deveria ser dela. Incorporar os votos de Lula, despertar a confiança do mercado financeiro, nesse contexto é missão para quem tem o estômago forte.