Presidente do Supremo rebate Jair Bolsonaro e diz que urnas eletrônicas são “totalmente confiáveis”

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, rebateu nesta segunda-feira (17) as críticas feitas pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) às urnas eletrônicas. O magistrado disse que as urnas são “totalmente confiáveis”.

“As urnas eletrônicas são totalmente confiáveis. Os sistemas são abertos para auditagem, a todos os partidos políticos”, disse o ministro durante café da manhã, nesta segunda-feira, com jornalistas. “Tem gente que acredita em Saci Pererê”, comentou o presidente do STF, em referência ao personagem do folclore nacional.

Em transmissão ao vivo pela internet, no domingo (16), o candidato do PSL à Presidência da República disse que as eleições 2018 podem resultar em “fraude” por causa da ausência do voto impresso.

Em junho passado, o STF derrubou, por 8 votos a 2, a adoção do voto impresso nas próximas eleições. O uso do voto impresso para as eleições deste ano havia sido aprovado pelo Congresso Nacional em 2015, na minirreforma eleitoral, que na verdade não passou de um arremedo para garantir o status quo.


O ministro Dias Toffoli lembrou as eleições de 2014 e destacou que o então candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, solicitou auditoria nas urnas após ser derrotado por pequena margem de votos para Dilma Rousseff (PT). “Geralmente os que perdem a eleição reclamam. O então senador Aécio Neves perdeu a eleição porque não teve votos em Minas Gerais. Por que as urnas estariam dando votos pra ele em São Paulo, e não em Minas Gerais, se o sistema era o mesmo? Não tem absolutamente sentido”, comentou Toffoli.

Até recentemente, os seguidores de Jair Bolsonaro garantiam que o capitão reformado do Exército venceria a corrida presidencial no primeiro turno com 80% dos votos. Agora, o próprio candidato adota o discurso da fraude como forma de justificar uma possível derrota, que pode se consumar na esteira de um discurso radical que prega o ódio, a radicalização e a intolerância.

Se o sistema eleitoral brasileiro é passível de fraude, como alega Jair Bolsonaro, o melhor é não participar da eleição. Considerando que o candidato aceitou participar do processo eleitoral, é porque concordou com as regras vigentes. A essa altura insurgir contra aquilo que endossou é oportunismo rasteiro com pitadas de desespero.

Para contrapor essa fala alarmista, Bolsonaro foi eleito inúmeras vezes à Câmara dos Deputados à sombra do mesmo sistema eleitoral, assim como seus filhos. Em suma, o discurso do candidato do PSL à Presidência da República soa estranho, principalmente no momento em que seus adversários pregam o voto útil.