Onyx muda de ideia e diz que escândalo envolvendo ex-assessor de Flávio Bolsonaro deve ser investigado

    Há dias, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), abandonou uma entrevista coletiva após ser questionado sobre as investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que tem na mira um ex-assessor de Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito.

    O órgão de controle apontou movimentação financeira atípica de Fabrício José Carlos de Queiroz, em cuja conta bancária passou pouco mais de R$1,2 milhão em apenas um ano. “Setores estão tentando destruir a reputação do senhor Jair Messias Bolsonaro. No Brasil, a gente tem que saber separar o joio do trigo. Nesse governo é trigo. (…) Onde é que estava o Coaf no Mensalão, no Petrolão?”, questionou Onyx.

    Como se os veículos de comunicação tivessem a obrigação de silenciar diante de escândalos, Onyx Lorenzoni avançou em seu discurso descabido. “O mínimo que a imprensa tem de fazer é respeitar a vontade popular e deixar [que possamos] construir o plano de governo. A partir de 1º de janeiro, pode criticar mas, agora, por favor, uma trégua pelo bem do nosso país”, disse.

    Considerando que contra fatos não há argumentos, Lorenzoni admitiu na terça-feira (11) que é preciso investigaras movimentações financeiras na conta de Fabrício de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro.

    Um relatório do Coaf aponta que depósitos de outros assessores parlamentares na conta de Fabrício coincidem com as datas de pagamento de salários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Oque sugere desconto no salário dos servidores, prática comum no Legislativo e conhecida como “operação gafanhoto”.

    “Olha, isso precisa ter uma investigação para que tudo se esclareça. O presidente Bolsonaro é um homem que sempre se pautou pela verdade, não teme a verdade, e a gente tem total tranquilidade dessa circunstância e em qualquer outra. A longa vida pública dele é o atestado maior. Precisa investigar para tudo se esclarecer”, afirmou Onyx.

    O relatório do Coaf levanta a possibilidade de os saques e os depósitos na conta de Fabrício de Queiroz terem sido feitos para ocultar a origem ou o destino final do dinheiro que passava todos os meses pela sua conta bancária.

    A quebra do sigilo bancário dos envolvidos poderá ajudara esclarecer as dúvidas que ainda pairam sobre o caso, uma vez que pelo menos nove ex-assessores de Flávio Bolsonaro repassaram dinheiro Fabrício.

    “Na minha opinião, a gente tem que ter paciência,aguardar a investigação para poder fazer o juízo depois”, avaliou o futuro ministro da Casa Civil, que na CPMI dos Correios, em 2005, pensava e agia de maneira oposta.

    Desde que o relatório do Coaf veio a público,Fabrício de Queiroz não mais foi encontrado, ao passo que Flávio Bolsonaro e o presidente eleito passaram a dar esclarecimentos pouco convincentes.

    Que Flávio terá dificuldades pela frente, em especial quando aterrissar no Senado Federal, todos sabem, mas o problema maior gravita na órbita de Jair Bolsonaro, já que o ex-assessor do seu filho depositou R$ 24 mil na conta da futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. E a explicação dada pelo presidente eleito é, além de fraca, desprovida das provas necessárias.