Fabrício de Queiroz falta mais uma vez a depoimento e deixa Flávio Bolsonaro em má situação

Ex-assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o policial militar Fabrício de Queiroz faltou pela segunda vez a um depoimento na sede do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MP-RJ).

Queiroz seria ouvido pelo Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (Gaocrim) para explicar uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em sua conta bancária, conforme relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O depoimento estava marcado para as 14 horas desta sexta-feira (21), sendo que os advogados de Queiroz e integrantes do Ministério Público fluminense haviam acertado uma estratégia para que o ex-assessor não fosse incomodado pela imprensa. A data foi escolhida após Queiroz faltar ao primeiro depoimento, previsto para ocorrer na última quarta-feira (19).

Na ocasião, os advogados alegaram que o cliente teve uma “inesperada crise de saúde” e precisava submeter-se a exames médicos de urgência. Nesta sexta-feira, após a segunda ausência, a defesa afirmou que Queiroz “precisou ser internado na data de hoje, para realização de um procedimento invasivo com anestesia”. Ainda segundo a defesa, o quadro do ex-assessor “será devidamente comprovado, posteriormente, através dos respectivos laudos médicos”.

Os advogados afirmaram que apresentarão laudo médico ao MP-RJ até a próxima quarta-feira. Do contrário, o Ministério Público terá de conduzir Fabrício de Queiroz coercitivamente, pois tais esquivas já eram esperadas.

Após mais essa ausência, o Ministério Público informou que enviará um ofício ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, André Ceciliano (PT), para sugerir o comparecimento do próprio Flávio Bolsonaro no dia 10 de janeiro para que ele preste esclarecimentos.


Muito estranhamente, o ex-assessor, segundo informações veiculadas na imprensa, reuniu-se com advogados e um contador nos dias subsequentes à divulgação do escândalo, mas não conseguiu comparecer ao depoimento, importante para esclarecer o imbróglio que continua deixando a família Bolsonaro no olho do furacão.

O relatório do Coaf integrou a investigação da Operação Furna da Onça, desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, que prendeu deputados estaduais no início de novembro. O Coaf identificou um depósito de Queiroz, no valor de R$ 24 mil, na conta bancária da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou no início do mês que o valor se referia ao pagamento de parte um empréstimo feito a Queiroz. Até o momento, Bolsonaro não comprovou o empréstimo, o que teria encerrado as especulações.

Existe a suspeita de que Fabrício fosse o responsável por recolher parte dos salários de outros assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro. Apesar de ilegal, a prática é comum nos Legislativos de todo o País e configura crime de peculato, o que pode complicar sobremaneira a vida de Flávio Bolsonaro, caso fique comprovada sua participação no esquema.

Na última terça-feira (18), Flávio Bolsonaro afirmou que seu ex-assessor é quem deve explicações. “Quem tem que dar explicação é o meu ex-assessor, não sou eu. A movimentação atípica é na conta dele. No meu gabinete todo mundo trabalha”, disse o parlamentar, pouco antes do início da cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos no Rio de Janeiro.

Dias antes, Flávio afirmou que durante conversa com Fabrício de Queiroz ouviu “explicação plausível” sobre o caso. Em seguida, em postagem no Facebook, afirmou que não poderia tratar de um assunto que desconhece. Ora, ninguém ouve uma “explicação plausível” de assunto que desconhece. Esse assunto cheira mal e tem todos os ingredientes para não acabar bem. Não será surpresa se Fabrício de Queiroz tiver um mal súbito e morrer.