Netanyahu desiste de participar da posse, mas se reunirá com Bolsonaro na próxima sexta-feira

Quatro dias antes de tomar posse na Presidência da República, Jair Bolsonaro se reunirá com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em almoço no Forte de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. O encontro será na próxima sexta-feira (28), um dia antes da mudança de Bolsonaro e da família para Brasília.

A conversa ocorre no momento em que Bolsonaro avisou que pretende transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém, decisão que deve causar consequências comerciais negativas ao País.

De acordo com a Embaixada de Israel no Rio de Janeiro, Netanyahu não participará da posse do presidente eleito no próximo dia 1º de janeiro, em Brasília. O primeiro-ministro israelense antecipou seu retorno a Israel, após a decisão do Parlamento do país de antecipar as eleições gerais para 9 de abril de 2019.

Após o almoço com Bolsonaro, Netanyahu participará da cerimônia religiosa conhecida como Shabat, na sinagoga Kehilat Yaacov, em Copacabana. No domingo (30), ele concederá entrevista coletiva no Rio de Janeiro.


Embaixada

Jair Bolsonaro pretende transferir a Embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv, capital administrativa, para Jerusalém. A decisão gera polêmicas, mas o presidente eleito demonstrar estar determinado a concretizar a medida. “Quem decide a capital do Estado é o respectivo Estado”, afirmou Bolsonaro em postagem no Twitter.

A cidade de Jerusalém está no centro de controvérsias e disputas entre palestinos e israelenses, já que ambos os povos reivindicam o local como sagrado. No esforço de evitar o agravamento da situação, os países consideram Tel Aviv como a capital administrativa de Israel e é lá que ficam as representações diplomáticas internacionais.

Irresponsabilidade oficial

A transferência da embaixada seria uma mudança brusca na política externa brasileira, que tradicionalmente apoia uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos.

O anúncio da mudança da embaixada para Jerusalém foi elogiado como sendo “histórico” pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que planeja participar da posse presidencial de Bolsonaro, segundo a equipe de transição do governo.

A Liga Árabe representa um valioso mercado para exportações brasileiras. O Brasil registrou um superávit de US$ 7,1 bilhões em transações com os 22 países do bloco árabe, enquanto computou, por exemplo, déficit de US$ 419 milhões em negociações com Israel.

O Brasil é um dos maiores exportadores de carne halal do planeta – carne preparada conforme prescrito pela lei muçulmana. O comércio destes produtos pode sofrer restrições caso Bolsonaro irrite os árabes com a efetiva transferência da embaixada e, consequentemente, prejudicar as exportações para os principais mercados do Oriente Médio dos produtores brasileiros de carne bovina e de aves.