General espera de Fabrício Queiroz aquilo que ex-assessor não tem a oferecer: “explicação consistente”

Presidente da República, de jure e de facto, Jair Bolsonaro vem se esquivando como pode do escândalo envolvendo o ex-assessor do filho, mas vez por outra dá uma meteórica explicação, sempre carente em termos de convencimento.

É impossível fechar os olhos para um escândalo rumoroso e com consequências imprevisíveis, pelo menos para o UCHO.INFO, que foi implacável com os governos petistas, mas os aduladores de Bolsonaro não aceitam qualquer tipo de cobrança, principalmente na seara do assunto envolvendo Fabrício Queiroz, o especialista em milagre da multiplicação das cédulas.

Ministro da Secretaria de Governo, o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz afirmou, em 27 de dezembro passado, que o escândalo envolvendo a movimentação de R$ 1,2 milhão feita pelo ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não é assunto de governo, mas “assunto de parlamentar”.

É importante lembrar que a decisão do presidente da República de formar sua zaga palaciana com militares não intimida quem quer que seja, assim como não coloca medo cara feia de generais. O Brasil ainda é uma democracia e todos devem respeitar a Constituição e o Estado de Direito.

Se por um lado a patuleia bolsonarista entra em polvorosa quando explicações sobre o caso são cobradas com veemência, por outro o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), diz que Queiroz deve “explicação mais consistente”.


“Continua sendo esperada a manifestação dele [Queiroz] com alguma coisa mais consistente. Eu não achei a manifestação dele absolutamente consistente. Pode ser aquilo? Pode. O que quem está de fora espera? Uma declaração: ‘Está aqui o recibo’. Uma coisa provada”, declarou o general à GloboNews.

Com a declaração do chefe do GSI fica provado, para o desespero dos bolsonaristas, que o jornalismo do UCHO.INFO está correto ao cobrar explicações de todos os envolvidos no escândalo, a começar pelos integrantes da família Bolsonaro: Jair, Michelle e Flávio.

A grande questão é que se Fabrício Queiroz tivesse uma “explicação mais consistente” a dar, com direito a recibo e outras provas, como sugeriu o general Augusto Heleno, isso já teria acontecido há muito. Além disso, o ex-assessor jamais teria protagonizado sumiço inexplicável, deixando de comparecer aos depoimentos marcados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Queiroz, que é íntimo de Jair Bolsonaro há anos, passou alguns dias reunido com advogados e contabilistas, mas alegou ao Ministério Público fluminense problemas de saúde para justificar o não comparecimento aos depoimentos. Mesmo assim, encontrou disposição e tempo para conceder entrevista ao SBT, uma das emissoras de televisão escolhidas pelo presidente da República como as “preferidas” do Palácio do Planalto.

No momento em que um dos principais conselheiros do presidente insiste em explicação convincente por parte do ex-assessor, é porque o caso é muito mais grave do que se imagina. Caso ocorra algo inesperado na vida de Fabrício Queiroz, que o impeça de revelar a verdade dos fatos, a situação de Bolsonaro ficará ainda pior. A conferir!