Fora do padrão ufanista de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni em breve poderá ser alçado à corda bamba

Tão logo foi eleito, Jair Bolsonaro prometeu formar uma equipe de ministros apenas com notáveis. O presidente da República só não explicou o que considera como notável e qual régua utiliza para medir a notabilidade dos escolhidos.

Um dos aliados de primeira hora, o gaúcho Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, está mais para “anotável” do que para notável, já que seu currículo começa a ganhar escândalos, assim como suas declarações têm sido marcadas por bizarrices.

Quando Lorenzoni foi confirmado como ministro, o UCHO.INFO afirmou que o deputado federal do Democratas do Rio Grande do Sul poderia não durar muito no cargo, até porque sua pouca habilidade como negociador político o deixaria em situação de dificuldade. Não obstante, alguns escândalos poderiam colocá-lo contra as cordas.

O primeiro imbróglio a provocar ruído ainda na equipe de transição foi o recebimento, através de caixa 2, de recursos da JBS, empresa de propriedade dos empresários Joesley e Wesley Batista, que ganharam notoriedade por serem afeitos ao pagamento indiscriminado de propina a políticos. Onyx Lorenzoni admitiu publicamente ter recebido dinheiro da JBS (R$ 100 mil), mas acreditou que um simples pedido de desculpas seria suficiente para sepultar o caso.


Quando começava a acreditar que a poeira estava em processo de decantação, Onyx Lorenzoni foi apanhado por outra denúncia: a de uso de verba de gabinete para custear passagens aéreas utilizadas durante a campanha de Jair Bolsonaro. Foram gastos R$ 100 mil na compra de 70 passagens aéreas. Com a desfaçatez que lhe é peculiar, o chefe da Casa Civil, mesmo sabendo que cometera um ilícito, disse que “estava ajudando a construir um novo Brasil”. Ou seja, a desfaçatez de Lorenzoni não tem limites.

Como se fosse pouco, Onyx agora se envolvido em outro escândalo: o uso de 80 notas fiscais da empresa de um amigo de longa data para receber R$ 317 mil de verba de gabinete, no período entre 2009 e 2018. O ministro nega qualquer irregularidade, mas 29 notas fiscais foram emitidas em sequência. Mesmo ilegal, essa prática é comum no Congresso Nacional.

No âmbito de decisões e declarações, Onyx Lorenzoni é o mesmo histriônico e afoito de sempre. Disse que nos últimos dias do governo Michel Temer houve “movimentação incomum”, mas sua declaração não teve qualquer base em levantamento de dados. Não se trata de afirmar que a referida movimentação suspeita não tenha ocorrido, mas de aguardar a apuração dos dados para se fazer uma acusação dessa natureza.

Os grandes desafios do atual governo são equacionar o déficit fiscal e encontrar um caminho para a retomada do crescimento. Isso significa que o protagonismo será da equipe econômica, não do núcleo político do governo. Mesmo assim, Lorenzoni insiste em chamar para si os holofotes de um governo que estreou mal e pode tropeçar por mais algum tempo por causa dos desentendimentos que têm ocorrido nos bastidores.

O primeiro entrevero, que levou preocupação ao mercado financeiro, contrapôs Onyz Lorenzoni e o ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente da República, que não entende de economia e é pífio como articulador político, precisou entrar em cena para acalmar os ânimos. Apesar da interferência de Bolsonaro, o clima não é dos melhores. Quem conhece os escaninhos de Brasília com mais intimidade sabe que em breve o cronômetro de Onyx Lorenzoni será acionado.