Bolsonaro prometeu acabar com a “velha política”, mas mostra ser mais do mesmo ao se juntar a Renan

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ainda estava em campanha quando entoava em todos os quadrantes do País a morte do que chamava de “velha política”, como se ele próprio jamais tivesse feito parte desse imundo e conhecido jogo. Para quem passou anos filiado ao PP, a fala de Bolsonaro soava uma farsa, como afirmou em várias ocasiões o UCHO.INFO, apesar dos muitos ataques sórdidos de seus seguidores.

Em 21 de outubro de 2018, em vídeo transmitido por vídeo conferência a eleitores e apoiadores que estavam reunidos na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro abusou do populismo barato ao afirmar, entre tantas pífias frases de efeito: “Você achava que tava tudo dominado? Não tava não… Será uma limpeza nunca visto (sic) na história do Brasil”.

Em 10 de novembro de 2018, já como presidente da República eleito, em entrevista à TV Record, Jair Bolsonaro voltou a faltar com a verdade ao afirmar: “Não posso correr o risco de a velha política vir para cima de nós”. E de novo este portal destacou que o Bolsonaro não teria condições de cumprir as promessas de campanha, pois o enxadrismo político é muito diferente da realidade “vendida” a seus eleitores.

A sabedoria popular prega que quem deseja atirar pedra na vidraça alheia não pode ter telhado de vidro, mas o presidente parece desconhecer essa máxima. Por isso não hesitou em destilar moralismo a torto e direito, dando a entender que com sua chegada ao Palácio do Planalto o Brasil viveria novos tempos.


Muitos incautos acreditaram nessa falsa profecia, até que surgiu o escândalo envolvendo Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro, além de um punhado de milicianos e uma movimentação bancária nada republicana.

O discurso moralista de Jair Bolsonaro foi pelos ares, assim como desmoronou em questão de dias a soberba de Flávio, a quem o presidente trata como “garoto”, apesar de seus 38 anos. Flávio Bolsonaro, embalado pelos 4,3 milhões de votos que o levaram ao Senado, na perdeu tempo depois da eleição e, em entrevista à GloboNews, afirmou que estava fora de cogitação conversar com Renan Calheiros para eventual acordo político em favor do governo do pai.

Dias depois, Flávio Bolsonaro como se dá o jogo político em Brasília, que, diga-se de passagem, é bruto e não aceita amadores. O vazamento do relatório do Coaf, com a movimentação bancária “atípica” de Fabrício Queiroz pode ter sido apenas um rápido e pouco simpático recado.

Na noite de quinta-feira (31), Jair Bolsonaro usou o telefone do gabinete improvisado que foi montado no Hospital Albert Einstein para parabenizar Renan Calheiros por ter sido escolhido candidato do MDB à presidência do Senado.

Como temos afirmado ao longo das últimas semanas, somente Renan será capaz de salvar a carreira de senador de Flávio. O que significa também preservar o mandato de Jair Bolsonaro, pois se o escândalo fermentar no Rio de Janeiro, as consequências serão sentidas no Congresso. A depender do que acontecer no Parlamento, o escândalo poderá atravessar a Praça dos Três Poderes e estacionar ao pé da rampa do Palácio do Planalto.

Como se não bastasse, Bolsonaro pediu a Renan Calheiros um encontro em palácio para tratar de assuntos do interesse de ambos. O senador alagoano, que de tanso nada tem, concordou de chofre. Para quem prometeu puxar a fila do funeral da “velha política”, Bolsonaro é um espanto, não sem antes ser mais do mesmo, a “fulanização” da farsa.