PF informa a Bolsonaro não ter qualquer indício da participação de terceiros no ataque perpetrado por Adélio

O presidente Jair Bolsonaro ainda estava hospitalizado quando, em vídeo divulgado nas redes sociais, cobrou da Polícia Federal uma solução para o caso do ataque a faca de que foi alvo em 6 de setembro passado, em Juiz de Fora, em ato de campanha rumo ao Palácio do Planalto. Na ocasião, Bolsonaro, acreditando que a PF é uma polícia de governo, não de Estado, tentou direcionar a conclusão do inquérito entremeando elogios à corporação.

O presidente, que não tem como entregar aos eleitores o que prometeu durante a campanha, continua fermentando a teoria da conspiração como forma de minimizar seu despreparo para o cargo. No mencionado vídeo, Bolsonaro sugeriu, mais uma vez, que Adélio Bispo de Oliveira, autor do ataque que está preso e foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, agiu a mando do PSOL.

Quase seis meses após o episódio ocorrido no centro da cidade mineira, o segundo inquérito sobre o caso está perto do fim, mas por enquanto não qualquer indício da participação de terceiros. Ou seja, Adélio Bispo agiu por conta própria, mesmo que um dia ele tenha sido ao PSOL.


Na segunda-feira (25), Jair Bolsonaro recebeu em palácio o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Morais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e o superintendente da PF em Minas Gerais, delegado Cairo Costa Duarte. Durante o encontro, a PF informou ao presidente a inexistência de qualquer evidência da participação de outras pessoas no ataque, além de Adélio.

A fala de Jair Bolsonaro, aparentemente certeira para os adeptos da teoria da conspiração, tem razão de ser para quem conhece os subterrâneos da política. Ao afirmar no mencionado vídeo que era preciso arrastar o PSOL ao patíbulo da culpa, o presidente agiu em defesa do filho Flávio Bolsonaro, talvez também de si próprio, pois cresce a polêmica envolvendo o senador pelo PSL fluminense e o miliciano Adriano da Nóbrega, que está com a prisão decretada e continua foragido.

Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), enquanto deputado estadual, a mãe e a irmã de Nóbrega, que é ligado a Fabrício Queiroz, que até hoje não prestou depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro no âmbito do caso do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Adriano da Nóbrega lidera a milícia que dá as ordens na comunidade de Rio das Pedras, na Zona Oeste carioca, onde reside Fabrício, e é integrante do “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel acusado de ser o responsável pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL – RJ).