Pivô da crise no governo, Carlos Bolsonaro participará da campanha de divulgação da reforma da Previdência

Ao que tudo indica, a primeira crise do governo que culminou com a exoneração de Gustavo Bebianno, então ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, não serviu de lição para Jair Bolsonaro, que insiste em dividir os assuntos palacianos com os filhos mais velhos.

O núcleo duro do governo, formado em sua maioria por generais, já sinalizou a Bolsonaro por diversas vezes a necessidade de afastar a prole das decisões sobre o País, mas o presidente da República, que finge ouvir os conselhos dos assessores, dias depois dá mostras inequívocas que é refém dos filhos.

Diferentemente do que pensa o presidente, essa ingerência familiar nos assuntos do governo é nefasta e preocupa não apenas a classe política, mas principalmente os investidores internacionais, que não sabem ao certo os imites do poder dos filhos de Bolsonaro. No momento em que o Palácio do Planalto está empenhado em conquistar votos para garantir a aprovação da reforma da Previdência, essa aproximação de Bolsonaro com os filhos é vista com excesso de desconfiança.

Faltando poucos dias para o trôpego governo completar sessenta dias, Jair Bolsonaro, que ainda não mostrou a que veio, tem dificuldades para encontrar a melhor solução para explicar aos brasileiros a necessidade de aprovar a reforma da Previdência, que, ao contrário do que vem anunciando o governo, penaliza os mais pobres. E não poderia ser diferente.


Dependente quase que diuturnamente dos filhos, como já mencionado, Bolsonaro escalou o filho Carlos, a que trata como “pitbull”, para participar da criação da estratégia de comunicação da reforma da Previdência. Na segunda-feira (25), Carlos Bolsonaro esteve reunido, no Palácio do Planalto, com o chefe da Secretária de Comunicação da Presidência, Floriano Barbosa. O objetivo é melhor a imagem da proposta entre a população e convencer os parlamentares sobre a necessidade de aprovar o projeto.

Um assunto tão sensível e sério, como a reforma da Previdência, deveria ser entregue a especialistas em comunicação, não para um kamikaze de redes sociais que de forma recorrente usa a truculência verbal para atacar e contra-atacar.

Não obstante, uma pesquisa de opinião, encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e executada pelo instituto MDA, mostrou que 75% dos brasileiros são contra a ingerência dos filhos de Jair Bolsonaro nas questões do governo. A intromissão dos filhos é tamanha, que eles participam de reuniões ministeriais, inclusive das que acontecem no Palácio do Planalto, sem a necessidade de autorização ou anúncio prévio.

Governar uma nação é desafio sério e hercúleo, mas Jair Bolsonaro dá sinais de que está disposto a brincar de presidente. A continuar assim, o Brasil poderá em breve ter problemas nos mais distintos setores. Isso porque os poucos competentes que integram a equipe ministerial não suportarão por muito tempo esse espetáculo típico de república bananeira.