Movido por covardia e torpeza, Bolsonaro usa declaração falsa e manipulada para atacar a imprensa

Sem saber o que fazer para governar e tirar o Brasil do grave cenário de crise, Jair Bolsonaro insiste em criar polêmicas e fazer declarações estapafúrdias, como se isso ajudasse a unir a população em torno de um projeto único para salvar o País. Bolsonaro, que ainda está em campanha – isso explica a obsessão em agradar de maneira recorrente seu ensandecido eleitorado –, prefere receitas obtusas, quando a realidade exige ações firmes e pragmáticas.

Nesse quadro em que impere o desajuste governamental, o presidente da República vale-se de atitudes toscas, o que não é novidade, como o mais recente ataque à imprensa, por meio da investida contra a jornalista Constança Rezende, do jornal “O Estado de S. Paulo”.

No Twitter, Bolsonaro endossou tese levantada pelo site “Terça Livre”, que de forma falsa e covarde atribuiu a Constança Rezende a declaração de que teria “intenção” de “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”.

A frase teria sido dita, segundo “denúncia” de um jornalista francês citado pelo “Terça Livre”, em conversa gravada em que Constança discorre sobre a cobertura jornalística das movimentações mais que suspeitas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do agora senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e amigo de longa data do presidente da República.


Contudo, a gravação do diálogo demonstra que a jornalista não fala, em momento algum, em “intenção” de arruinar o governo ou o presidente. A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com várias pausas, sendo que apenas trechos previamente selecionados foram divulgados pelo mencionado site. Em um dos trechos, a repórter avalia que “o caso pode comprometer” e “está arruinando Bolsonaro”, mas não relaciona seu trabalho à intenção de “arruinar Flávio Bolsonaro e o governo”.

A tática de intimidar a imprensa é típica de regimes autoritários, o que faz com que Jair Bolsonaro seja inserido no rol dos que atentam contra a democracia e, ato contínuo, contra a liberdade de manifestação dos veículos de comunicação e principalmente dos jornalistas.

Se a análise da jornalista Constança Rezende é motivo para Bolsonaro atacar a imprensa de maneira torpe e covarde, até porque esse é seu estilo, que a imprensa não subserviente sinta-se atacada, pois todos os veículos midiáticos chegaram à mesma conclusão diante do escândalo que tem na proa Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz.

O escândalo em questão tem ingredientes de sobra para mandar o governo pelos ares, a ponto de ter preocupado os generais palacianos, que fizeram a Bolsonaro várias sugestões para evitar o pior. O presidente, sempre movido pela covardia e refém dos filhos, preferiu o caminho mais fácil: atacar a imprensa.