Presos no Rio de Janeiro dois suspeitos pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes

A polícia do Rio de Janeiro deteve, na madrugada desta terça-feira (12), dois suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. As detenções acontecem às vésperas de o assassinato completar um ano.

Os detidos são o policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. O primeiro teria disparado os tiros, do banco de trás do carro usado no crime; o segundo seria o motorista.

De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.

“É inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”, diz a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. “A barbárie praticada na noite de 14 de março de 2018 foi um golpe ao Estado Democrático de Direito”, destaca a denúncia.

A investigação indica que Ronnie Lessa fez com regularidade pesquisas na internet sobre os locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem também que, desde outubro de 2017, o policial pesquisava também a vida do então deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Foram encontradas também buscas on-line sobre o então interventor na segurança pública do Rio, o general Braga Neto.

De acordo com o jornal “O Globo”, Ronie Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, o mesmo onde mora o presidente Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O diário carioca afirma que, segundo os investigadores, não foi constatada qualquer ligação entre os fatos. Bolsonaro e Lessa apenas são vizinhos.


A operação que levou às duas prisões é a primeira com a participação do Ministério Público fluminense e aconteceu por meio do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado que investiga principalmente a atuação de milícias no estado.

Os investigadores ainda não revelaram quem foi o mandante da execução. Após quase um ano de investigação, polícia e o Ministério Público do Rio de Janeiro decidiram dividir o inquérito em duas partes: uma sobre os executores do crime, outra sobre os mandantes.

Outra pergunta ainda em aberto é quem era o outro ocupante do carro usado no crime – os investigadores têm certeza de que havia três pessoas dentro do veículo no momento dos disparos naquele 14 de março.

Marielle Franco, de 38 anos, e Anderson Gomes, de 39, foram assassinados em 14 de março no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrava. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça dela.

As investigações sobre o crime – que levou multidões às ruas no mundo todo para manifestar solidariedade e cobrar explicações – correram durante todo o tempo sob sigilo, embora uma série de informações tenha sido revelada pela imprensa brasileira.

Além de defender os direitos das mulheres e a inclusão social, Marielle criticava também a violência policial e a ação de milícias. Seu assassinato causou comoção internacional, e organizações de defesa dos direitos humanos pressionavam para que respostas fossem apresentadas. (Com agências de notícias)