Inocente, Paulo Guedes afirma que representante comercial dos EUA foi “um pouco duro” em reunião

Ministro da Economia e batizado por Bolsonaro como “Posto Ipiranga”, Paulo Guedes desembarcou nos Estados Unidos acreditando que seria tratado pelos ianques da mesma maneira com que é recebido nos quiosques da praia do Leblon, no Rio de Janeiro, onde gazeteia sus teorias e balbucia piadas, como a que despejou sobre os presentes ao evento em que disse que o presidente brasileiro “tem colhões” para controlar o gasto público.

Se Guedes imaginou que com piadas descabidas conseguiria amolecer as autoridades norte-americanas, o resultado de seu “stand up comedy” tupiniquim foi um fracasso. Isso porque o ministro da Economia afirmou que o representante Comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, foi “um pouco duro” na reunião realizada na segunda-feira (18), quando questões comerciais foram tratadas.

“Eu até brinquei falando que ele pensou que eu sou chinês”, destacou. “Ele está analisando país a país para reduzir o superávit comercial que possuem com os EUA. Só que, no caso do Brasil, o País tem um déficit comercial com os Estados Unidos.”


De acordo com Paulo Guedes, os Estados Unidos querem que o Brasil deixe a lista de países de tratamento especial e diferenciado da Organização Mundial do Comércio (OMC) em troca do apoio norte-americano à entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o ministro, essa foi a solicitação de Lighthizer. “Eu fiz o meu pedido: quero entrar na primeira divisão. Ele falou: então me ajuda a limpar a segunda divisão.”

A lista de países com tratamento especial e diferenciado da OMC, proporciona vantagens especiais, como tempo mais elástico para cumprir acordos comerciais e outras flexibilidades. Para Lighthizer, o Brasil precisa abrir mão do tratamento diferenciado da OMC para entrar na OCDE.

Notoriamente contrário à lista, o governo dos EUA quer liquidar o modelo ancorado pela OMC, o que denota sua intenção de arruinar a capacidade comercial de outras nações, o que culminaria em crise econômica sem precedentes. Para isso, a Casa Branca quer a ajuda do governo brasileiro, que se depender de Bolsonaro é capaz de se acontecer.

A grande questão é que se o Brasil concordar em abandonar os privilégios da OMC, os EUA criarão novas exigências para a entrada na OCDE. Em outras palavras, a viagem de Jair Bolsonaro a Washington serviu apenas e tão somente para uma fuzarca ideológica.