Maia pode deixar coordenação política da Previdência por causa de ataques dos filhos e aliados de Bolsonaro

Além de despreparado para o cargo, o presidente Jair Bolsonaro continua acreditando que a tática do confronto é a melhor estratégia para solucionar os problemas do País. Como se não bastasse sua questionável postura política, a covardia faz de Bolsonaro um governante alvo de insistentes críticas por conta do fato de recorrer aos filhos para atacar adversários e até mesmo aliados.

Os generais palacianos, que até agora têm sido o esteio de um governo que poderia ter ido pelos ares em condições outras, já alertaram o presidente da República sobre o perigo que representa a ingerência dos filhos de Bolsonaro nas questões oficiais, a começar pelas peçonhentas e coléricas críticas que fazem a membros da equipe do próprio pai e a aliados.

A mais recente vítima da artilharia da família presidencial é o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, que após críticas de Carlos Bolsonaro publicadas nas redes sociais informou ao ministro da Fazenda que deixará a articulação política pela reforma da Previdência.

Irritado, Maia telefonou para o ministro Paulo Guedes e disse que, considerando os ataques dos filhos do presidente e dos aliados de Jair Bolsonaro, fica claro que o governo não necessita de ajuda no Congresso.

“Eu estou aqui para ajudar, mas o governo não quer ajuda”, disse o presidente da Câmara, segundo deputados que estavam ao seu lado no momento do telefonema. “Eu sou a boa política, e não a velha política. Mas se acham que sou a velha, estou fora.”


Carlos Bolsonaro, o “pitbull” do presidente da República, compartilhou nas redes sociais, na quinta-feira (21), a resposta do ministro Sérgio Moro (Justiça) à decisão de Maia de não priorizar o projeto anticrime.

“Há algo bem errado que não está certo!”, escreveu Carlos no Twitter. O texto tinha anexo uma nota do ministro Moro, divulgada na noite anterior, rebatendo ataques de do presidente da Câmara à sua insistência em apressar a tramitação do projeto. “Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais”, afirmou Moro. Além disso, no Instagram, Carlos lançou uma dúvida: “Por que o presidente da Câmara está tão nervoso?”.

Dias antes do entrevero que ganhou corpo nas redes sociais, Rodrigo Maia foi chamado de “achacador”. Contrariado, o presidente da Câmara confidenciou a pessoas próximas ser impossível ajudar o governo Bolsonaro a conseguir votos a favor da reforma da Previdência debaixo de ataques constantes.

Não obstante, deputados e senadores do PSL, partido do presidente da República, comemoraram a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB). Além disso, políticos ligados a Bolsonaro associaram o presidente do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo.

A se confirmar a decisão do presidente da Câmara, a reforma da Previdência foi pelo ralo antes do previsto. Isso significa que a economia nacional está fadada a fracasso ainda maior, assim como o governo daquele que se vendeu à opinião pública como o único capaz de solucionar os problemas do País.

Bolsonaro passou 28 anos na Câmara dos Deputados, no chamado “baixo clero”, sem ao menos aprender a fazer política. Ciente de que as investidas dos filhos são prejudiciais ao governo, o presidente nada faz para contê-los. Esse comportamento mostra frouxidão ou revela o caráter de um covarde que não sabe como governar e apela a expedientes rasteiros.