Após “tiroteio” no Twitter, Bolsonaro pede a assessores foco na busca da “pacificação” com o Congresso

Depois de fomentar ataques ao Congresso Nacional, em especial ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que afirmou ser responsabilidade do governo conseguir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, Bolsonaro reuniu-se na manhã desta segunda-feira (25) com assessores palacianos para tentar minimizar os conflitos com os parlamentares. Querer governar à base de ataques não é a melhor estratégia, a não ser que sobre a escrivaninha presidencial exista algum plano que viole os princípios democráticos.

Bolsonaro fala em “pacificação”, mas não aceita dialogar com o Congresso para tentar criar uma frente parlamentar de apoio a um governo que caminha para seus primeiros 100 dias, sem que até agora nada tenha sido feito, sequer uma sinalização do que o brasileiro pode esperar em relação ao futuro.

Insistir nessa fórmula que tem a intimidação dos políticos como eixo principal só levará o governo à débâcle. Não se deve esquecer que o então presidente Fernando Collor de Mello começou a experimentar o calvário no momento em que decidiu desdenhar o Congresso.


Polarizada, a sociedade simplesmente não consegue enxergar no horizonte uma solução de curto prazo para os muitos problemas nacionais. Afirmar que o governo ainda não completou os primeiros 100 dias e é preciso dar tempo a Bolsonaro é querer esconder a realidade. Não se pode esperar mais, pois o trabalhador tem pressa.

Os devotos de Bolsonaro alegam que os parlamentares não entenderam o recado do presidente da República sobre o fim do “toma lá, dá cá”, mas não é isso que está sendo pleiteado pelos integrantes do Congresso, mas, sim, diálogo e a possibilidade de cada um levar aos seus respectivos estados projetos com possibilidade de execução. Até porque, a roda da política depende dessa relação para continuar funcionando.

Se no partido do próprio Bolsonaro, o PSL, a sensação é de que a aprovação do projeto de reforma da Previdência está cada vez mais difícil, não é irresponsabilidade afirmar que o futuro será marcado pela crise, caso o governo não saia da zona de conforto e resolva agir.

Até então viu-se um Bolsonaro disposto a impor suas vontades, com direito a bizarrices e ofensas disparadas através do Twitter, ao mesmo tempo em que dá aos políticos uma suposta liberdade de ação. Porém, o presidente não quer correr risco algum, deixando ao Congresso a responsabilidade por qualquer fracasso. Enquanto nada acontece, Jair Bolsonaro dedica seu tempo a declarações ufanistas nas redes sociais, muitas delas condimentadas e disparadas pelos próprios filhos. Até quando?