Bolsonaro cumpre promessa e demite Vélez Rodríguez; novo ministro da Educação é Abraham Weintraub

Após três meses de inoperância e uma enxurrada de polêmicas no Ministério da Educação, finalmente o presidente Jair Bolsonaro confirmou na manhã desta segunda-feira (8) a demissão do ministro Ricardo Vélez Rodríguez, alvo de críticas dentro e fora do governo e pressões generalizadas.

Vélez enfrentava uma crise desde sua posse, com disputa interna entre grupos adversários, medidas contestadas, recuos e quase 20 exonerações. Para se ter ideia do absurdo que tomou conta do ministério, quatro secretário-executivos foram exonerados no período.

Bolsonaro informou através do Twitter que o economista Abraham Weintraub será o novo ministro da Educação. “Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao Prof. Velez pelos serviços prestados”, escreveu.

No centro de um emaranhado de notícias de confusões e medidas que mereceram críticas contundentes dos mais distintos segmentos, Vélez Rodríguez viu sua demissão ganhar contornos mais claros no mês de março, quando recrudesceu uma disputa interna entre o grupo militar, os servidores de perfil técnico e os “olavistas”, seguidores de Olavo de Carvalho, considerado guru dos bolsonaristas e do próprio presidente da República.


O então ministro demitiu alguns integrantes do grupo ideológico, mas foi obrigado a exonerar o então secretário-executivo Luiz Antonio Tozi e o militar Ricardo Roquetti. A situação tornou-se insustentável na esteira de um e-mail endereçado às escolas de todo o País, em que Vélez Rodríguez solicitava a execução do Hino Nacional, a leitura de uma mensagem sobre o novo governo e que trazia o slogan da campanha de Bolsonaro. Além disso, o agora ex-ministro solicitou que os alunos fossem filmados durante a execução do Hino e as imagens enviadas ao Ministério e à Presidência da República.

Na sequência muitas polêmicas surgiram, como a suspensão da avaliação do nível de alfabetização dos alunos, a adoção do método fônico de alfabetização, a criação de comissão para patrulhar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e por fim a mudança do conteúdo dos livros didáticos como forma de rever a história e distorcer a verdade sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar.

O novo ministro

Abraham Weintraub é economista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e trabalhou 18 de seus 47 anos no Banco Votorantim, onde foi de office-boy a economista-chefe e diretor.

Weintraub atua na equipe de Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral, tendo participado da equipe de transição. Antes de ser indicado para a Educação, o novo ministro estava na Casa Civil, pasta chefiada por Onyx Lorenzoni.

Ex-professor Unifesp (do campus de Osasco), assim como irmão Arthur, Abraham Weintraub foi alvo do repúdio dos alunos dos cursos de Relações Internacionais e Economia, que em 2018 divulgaram manifesto contra ambos, quando os irmãos passaram a integrar a equipe de transição de Bolsonaro.