“Não sou mulher de malandro”, diz Maia ao afirmar que atuará pela reforma, não como articulador político

A possibilidade de a reforma da Previdência ser aprovada da forma como o presidente Jair Bolsonaro anunciou por ocasião da entrega do projeto ao Congresso e da maneira como o mercado financeiro imaginada está cada vez mais distante. Isso porque o governo não tem capacidade para levar adiante uma articulação política que garanta os votos mínimos necessários para a aprovação da matéria, assim como é grande o número de parlamentares dispostos a apresentar emendas modificativas.

Nesta terça-feira (8), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que vai trabalhará pela aprovação da reforma, mas que não será articulador política para ficar “levando pancada”. “Não vou ser mulher de malandro, de ficar apanhando e achando bom”, afirmou Maia.

“O presidente da Câmara coordena 512 deputados, todos iguais. Eu recebo na residência da Câmara 50, 60 deputados. É diferente ser presidente da Câmara e presidente da República no sistema presidencialista. Só não vou ficar no meio dessa briga levando pancada da base do presidente”, afirmou Maia em evento promovido pelos jornais “O Globo” e “Valor Econômico”.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, por sua vez, declarou no mesmo evento que não tem pretensão de ser articulador político do governo. Apesar dessa declaração, na última semana Guedes participou de audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sobre reforma da Previdência, ocasião em que protagonizou bate-boca com deputados da oposição.


“Vocês viram meu desempenho (na CCJ). Não tenho temperamento para isso. Não sou animal para fazer essa coordenação. Sou animal de combate, mas em economia”, afirmou, levando a plateia a rir.

“Não acredito que eu vá ser o interlocutor. Acredito que, na pauta econômica, posso ser alguém que vai ajudar o presidente da Câmara, do Senado, governadores e prefeitos”, completou o ministro.

A decisão de permitir que Paulo Guedes fosse à CCJ para enfrentar parlamentares da oposição foi uma demonstração da irresponsabilidade de um governo pífio e que ainda não mostrou a que veio. Além de não ter experiência política, Guedes defende um modelo de reforma que pouco convence.

Além disso, Guedes é alvo de investigação do Ministério Público Federal sobre gestão temerária ou fraudulenta em caso de captação de R$ 1 bilhão de sete fundos de pensão para aporte em fundo de investimentos em educação, gerido pelo agora ministro da Economia. Esse detalhe era motivo suficiente para Paulo Guedes não aparecer diante dos parlamentares oposicionistas, que têm sido atacados duramente por Jair Bolsonaro, com direito a discursos de ódio e outros acessórios de intolerância.