Novo ministro da Educação mostra insensatez ao defender retirada do Bolsa Família de aluno agressor

A dança de cadeiras no comando do Ministério da Educação não passou do que se conhece como “trocar seis por meia dúzia”. Isso porque saiu de cena o dono do circo, substituído por um mágico especialista em ocultismo. Ou seja, Ricardo Vélez Rodríguez deu lugar a Abraham Weintraub.

Economista e dizendo-se especialista em gestão, Weintraub defende o combate ao chamado “marxismo cultural”, neologismo tosco criado pela “direita xucra” (o termo é da lavra do jornalista Reinaldo Azevedo) para demonizar o pensamento esquerdista, que, segundo os ortodoxos direitistas, campeia nas salas de aula. O ministro afirma que será rigoroso com “tudo que sair” da pasta, como livros didáticos, e estará atento a “sabotagens”.

O Brasil tem quase 12 milhões de analfabetos e 38 milhões de analfabetos funcionais, mas o presidente da República e o novo ministro da Educação estão preocupados com questões ideológicas. Essa postura retrógrada, travestida de falso liberalismo, mostra que o furdunço que se instalou no Ministério da Educação há de continuar, a partir de agora escondido sob uma cortina de fumaça sob encomenda.

Weintraub, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, desmonta a tese de que é um gestor ao defender adoção de medidas radicais contra alunos violentos. O ministro quer que professores agredidos em sala de aula chamem a polícia e os pais dos agressores sejam processados, podendo, inclusive, perder o direito ao benefício do programa Bolsa Família.

“Temos de cumprir leis ou caminhamos para barbárie. Hoje, há muito o ‘deixa disso’, ‘coitado’. O coitado está agredindo o professor”, disse o ministro da Educação, destacando que ainda não definiu as medidas para enfrentar o problema.


Um presidente que exalta a memória de um torturador não pode escolher um pacifista para comandar a principal pasta de um governo que, após cem dias, ainda não mostro a que veio. Aliás, o que se tem visto é um desgoverno.

Não é de hoje que País clama pela ação do Estado em todas as frentes, o que explica a falência múltipla da sociedade, mas o governo que aí está quer consertar o cenário atual à base da força. Isso posto, retirar o benefício do Bolsa Família do aluno agressor só piorará uma situação que caminha a passos largos na direção do irreversível.

Tirante coibir a violência nas salas de aula, de nada adiantará adotar as medidas sugeridas por Abraham Weintraub se o governo não garantir ao cidadão o acesso aos direitos fundamentais previstos na Constituição: saúde, educação, moradia, trabalho, previdência social, segurança, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados, lazer, vestuário, alimentação e transporte.

A violência, não apenas nas escolas, mas no todo, é resultante da péssima qualidade da educação. Não se pode esperar resultado distinto se o Estado não investir na Educação desde a primeira infância.

A questão é simples e exige pouco esforço do raciocínio, mas apenas pensamento cartesiano. Um pai que não consegue ler com fluência mínima terá dificuldade para contar as mais básicas estórias aos filhos nos primeiros anos de vida. Lembrando que é no primeiro setênio que se dá a formação do caráter do ser humano. Fazer uma nação é uma questão de escolha e sensibilidade, não de estupidez e obsessão ideológica. Enfim…