Quando ministros reúnem celebridades para discutir Previdência e Segurança, o governo acabou

Criticar o desgoverno de Jair Bolsonaro é atrair ataques rasteiros e chulos, normalmente acompanhados por “mantras” como “está torcendo contra” ou “o Lula está preso, babaca”. Como o UCHO.INFO não torce contra, pelo contrário, e, para quem não sabe, teve participação importante e preponderante na elucidação do esquema de corrupção que ficou conhecido como Petrolão, sentimo-nos à vontade para fazer críticas responsáveis e com base na realidade dos fatos, gostem ou não os devotos de Bolsonaro.

Desde que o projeto de reforma da Previdência foi entregue aos congressistas, este noticioso vem cobrando do governo uma ação que explique de forma clara e didática a todos os brasileiros, em especial aos que têm menos acesso à informação, quais mudanças ocorrerão nas regras da aposentadoria. De nada adiante discutir o tema no Congresso, enquanto os principais veículos de comunicação do País convidam especialistas que abusam do “economês” para discorrer sobre o tema.

É preciso que os esclarecimentos cheguem a todos os brasileiros – aos aposentados, aos em vias de aposentação e os que acabam de ingressar no mercado de trabalho –, principalmente às pessoas mais humildes, que não smartphones nem acesso à internet, assim como não compreendem a linguagem rebuscada dos economistas e das autoridades empenhadas na aprovação da matéria. Afinal, se a Constituição estabelece no artigo 5º (caput) que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, distinguir um brasileiro do outro em momento tão crucial é atentar contra a Carta Magna.

Bem ao estilo desse governo pífio que hoje completa seu centésimo dia, os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça) reuniram-se com celebridades, em São Paulo, para discutir questões ligadas à reforma da Previdência e ao projeto anticrime.

Guedes e Moro encontraram, em evento tratado como sigiloso pela assessoria de ambos, a atriz Regina Duarte, as duplas sertanejas Zé di Camargo e Luciano e Jorge e Mateus, as apresentadoras Ana Hickmann e Luciana Gimenez e o jogador Kaká.


Paulo Guedes, que deixou o encontro mais cedo para viajar a Nova York, onde proferiu, nesta quarta-feira (10), palestra em evento da XP Investimentos, foi aplaudido de pé. Pois bem, quando um ministro da Economia é aplaudido por representantes da elite do País é porque certamente a reforma da Previdência é péssima para os menos aquinhoados.

Ademais, os participantes desse encontro pouco ou nada sabem sobre economia, além de não precisarem se preocupar com aposentadoria e segurança. Afinal, o futuro de cada um está garantido e a garagem de casa está cheia de carros blindados.

No momento em que um governo recorre a celebridades na tentativa de convencer a opinião pública sobre a necessidade da aprovação da reformada Previdência, fica patente que ou a proposta não é das melhores ou a possibilidade de a matéria lograr êxito no Congresso é pequena. Além disso, mostra que o governo é pífio.

Quando o UCHO.INFO afirmou, ainda durante a corrida presidencial, que a eventual eleição de Jair Bolsonaro aumentaria o fosso entre ricos e pobres, os adoradores do capitão uniam-se em refrão para acusar-nos de comunistas. O que mostra que, além de grosseiros, são míopes em termos de economia e política. Quanto menor for a distância entre ricos e pobres, mais pujante é a economia. Mas o conservadorismo defendido pela direita xucra prega o contrário.

Voltando ao assunto… O encontro com Paulo Guedes e Sérgio Moro serviu para tietagem explícita e “selfies” que as celebridades imediatamente publicaram nas redes sociais. Até porque, o importante nessa hora é mostrar ao mundo o nível do próprio histrionismo, pois a reforma da Previdência fica para outro dia. Mesmo assim, há que garanta que com Bolsonaro tudo será diferente e um dia dará certo.