Com a aquiescência do pai, Carlos Bolsonaro volta a atacar o vice Hamilton Mourão nas redes sociais

O presidente Jair Bolsonaro aposta no recrudescimento da crise que chacoalha o núcleo duro do Palácio do Planalto para continuar agradando a horda de apoiadores, como se essa estratégia suicida ajudasse de alguma maneira o País.

Diferentemente do que declara publicamente, quando diz que é preciso calma e que todos à sua volta merecem respeito e confiança, Bolsonaro atua nos bastidores para colocar cada vez mais combustível em fogueira cujas chamas parecem não ter fim. Enquanto finge atender aos apelos dos generais palacianos, que pedem parcimônia, o presidente faz do filho Carlos Bolsonaro sua “longa manus” para investidas rasteiras e covardes contra assessores.

O alvo principal desses apedrejamentos virtuais é o vice-presidente da República, general da reserva Hamilton Mourão, cujo discurso vem agradando investidores internacionais e muitos jornalistas brasileiros, todos cansados da performance bizarra de Bolsonaro.

Depois de rebater de forma extremamente suave as críticas de Olavo de Carvalho aos generais palacianos, por pressão dos próprios militares, Jair Bolsonaro não fez qualquer sinalização de que poderia conter o ímpeto do filho, a quem delega os ataques cibernéticos contra aliados e adversários.


Na noite desta terça-feira (23), Carlos Bolsonaro, que parece não se preocupar com o futuro do governo nem do País, voltou a usar as redes sociais para atacar Hamilton Mourão. O vereador carioca publicou nas redes sociais uma declaração de Mourão, proferida em 2018, por ocasião do ataque a faca pelo então candidato Jair Bolsonaro.

“Naquele fatídico dia em que meu pai foi esfaqueado por ex-integrante do PSOL e o tal de Mourão em uma de suas falas disse que aquilo tudo era vitimização”. O porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que o presidente da República quer um ponto final na desavença pública.

Segundo o porta-voz, Bolsonaro disse que Mourão terá o seu apreço, mas afirmou que estará “sempre ao lado” do filho. Se o presidente realmente quisesse acabar com esse entrevero já teria chamado o filho às falas, mas não o faz porque o cenário conturbado lhe interessa.

Afinal, jogar para a plateia é a estratégia que Bolsonaro definiu como a mais eficaz para compensar o fato de não entregar aos eleitores o que prometeu durante a campanha. E assim será até o último dia do mandato. Resta saber quando será esse dia.