Rumo ao obscurantismo, Bolsonaro corta verbas de três universidades federais por suposta “balbúrdia”

O presidente Jair Bolsonaro tem se manifestado contra a ditadura venezuelana, mas de forma homeopática tenta implantar no Brasil um regime que atenta contra a democracia e, acima de tudo, contra o Estado de Direito, não sem antes impor ao País situações que remetem ao retrocesso e ao obscurantismo.

A solução para os muitos problemas brasileiros passa obrigatoriamente pela Educação, que desde o início do governo Bolsonaro, em 1º de janeiro, é alvo de disputas ideológicas, demissões sequenciais e recuos e desmentidos. O que faz com que a pasta seja encarada com redobradas doses de desconfiança.

O que faltava para piorar o que vem se deteriorando diuturnamente acabou acontecendo. A Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) tiveram cortada verba cortada pelo Ministério da Educação por suposta “balbúrdia”. De acordo com o ministro Abraham Weintraub (Educação), a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, está sob avaliação e pode ser atingida por essa medida típica de regime totalitarista.

“Universidades que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”, disse Weintraub, como se o Brasil não vivesse em um regime democrático que privilegia a livre manifestação do pensamento.


Segundo o ministro, universidades têm permitido que aconteçam em suas instalações eventos políticos, manifestações partidárias ou festas inadequadas ao ambiente universitário.

“A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”, disse Weintraub, que deu exemplos do que considera bagunça: “Sem-terra dentro do campus, gente pelada dentro do campus”.

À parte dos exemplos, o ministro não especificou as manifestações ocorridas nas universidades citadas, mas afirmou não ter sido esse o único ponto considerado pelo Ministério para o corte de verbas. Segundo Weintraub, as mencionadas instituições estariam apresentando rendimento abaixo do esperado, o que não é verdade. “A lição de casa precisa estar feita: publicação científica, avaliações em dia, estar bem no ranking”, disse o titular da Educação, que não citou rankings de avaliação de entidades de ensino universitário.

As três universidades – UFF, UnB e UFBA – avançaram no principal ranking universitário internacional, o “Times Higher Education” (THE). Ou seja, Abraham Weintraub é mais um “pau mandado” do governo para implantar na educação brasileira a ideologia retrógrada da direita radical que elegeu Bolsonaro.

De acordo com o Ministério da Educação, as três universidades tiveram 30% das suas dotações orçamentárias anuais bloqueadas, medida que passou a vigorar na última semana. No escopo do corte de verbas estão as chamadas despesas discricionárias, como, por exemplo, bolsas estudantis e gastos com manutenção (água, luz e limpeza). Os recursos destinados ao pagamento dos funcionários das universidades não foram contemplados pela medida arbitrária, uma vez que são obrigatórios por força de lei e não podem ser reduzidos.