Nos EUA, Bolsonaro abusa do discurso fácil e chama manifestantes contra a educação de “idiotas úteis”

Passados 134 dias da posse como presidente da República, Jair Bolsonaro continua tropeçando no próprio despreparo para o cargo mais importante do País, a exemplo do que vem afirmando o UCHO.INFO desde a corrida eleitoral.

Embalado pelo populismo barato da extrema direita, que sonha com o retorno ao obscurantismo de um passado que sequer deveria ser lembrado, Jair Bolsonaro coleciona nesses quatro meses e meio de Presidência tropeços, recuos e episódios patéticos, o que mostra à sociedade que sonhar com dias melhores pode ser um convite ao devaneio.

No dia em que a extensa maioria dos estados da federação registra greve nas escolas públicas particulares por conta do corte de verbas na Educação, Bolsonaro desembarca em Dallas, no estado norte-americano do Texas, para buscar um prêmio que não teve coragem de receber em Nova York: o de Personalidade do Ano, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Em solo americano, nesta quarta-feira (15), Bolsonaro afirmou que os estudantes que protestam contra o corte de verbas na Educação são “massa de manobra” e “idiotas úteis”. Na opinião do presidente, os manifestantes são manipulados por uma minoria que comanda as universidades federais.

“É natural, é natural, mas a maioria ali é militante. Se você perguntar a fórmula da água, não sabe, não sabe nada. São uns idiotas úteis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo das universidades federais no Brasil”, disse Bolsonaro na porta do hotel onde está hospedado, cercado de apoiadores.


“Na verdade não existe corte. O que houve é um problema que a gente pegou o Brasil destruído economicamente também, com baixa nas arrecadações, afetando a previsão de quem fez o orçamento, e se não tiver esse contingenciamento eu simplesmente entro contra a lei de responsabilidade fiscal. Então não tem jeito, tem que contingenciar. Mas eu gostaria (que não cortasse) nada, em especial na educação.”

No Brasil tronou-se praxe governantes culparem os antecessores pelos próprios insucessos, como se a população fosse obrigada a conviver com a incompetência deliberada de um governo que continua paralisado e protagonizando cenas pífias e degradantes.

Como se fosse uma ode à sabedoria, o presidente destacou que a Educação brasileira deixa muito a desejar. Bolsonaro passou 28 anos na Câmara dos Deputados, mas nesse período nada fez em prol da Educação. Ou seja, seu discurso é tão oportunista quanto embusteiro.

“Se você pega as provas, que acontecem de três em três anos, está cada vez mais ladeira abaixo”, disse o presidente. “A garotada, com 15 anos de idade, na 8ª série, 70% não sabe uma regra de três simples. Qual o futuro destas pessoas? Fala-se que tem muito desempregado, 14 milhões, mas parte deles não tem qualquer qualificação porque esse cuidado não teve pelo PT ao longo de 13 anos”, completou.

Bolsonaro não está preocupado com os problemas do País nem com a busca de soluções, mas com uma cruzada contra a esquerda, como se a democracia pudesse existir apenas sobre um pilar ideológico. O brasileiro precisa despertar para a realidade e reconhecer que a intolerância que colocou Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto está longe de ser a chave para os muitos problemas nacionais. Aliás, é a senha para a criação de muitos outros.