“Problemas acontecem”: Bolsonaro abusa da estupidez ao falar sobre presos mortos em transferência no PA

Quando o UCHO.INFO afirma que o caso de Jair Bolsonaro não é de impeachment, mas de interdição – tese que também defendida pelo renomado jurista Miguel Reale Júnior –, trata-se de constatação da realidade, pois o presidente avança cada vez mais sobre seara do devaneio.

“Para ele, não houve a Constituição de 1988 e a anistia. Bolsonaro continua em guerra. O caso dele não é de impeachment, mas de interdição. É uma pessoa que a cada dia prejudica a si próprio. Ele tem que ser protegido. A característica do louco é essa: prejudicar a si mesmo”, declarou Reale Júnior.

A legislação brasileira não prevê a interdição de um governante, mesmo que no âmbito político, mas, como sempre afirmamos e de igual modo sugere o notável jurista, a questão deve ser avaliada no âmbito médico, pois é evidente o descontrole crescente do presidente da República.

Tomando por base o dito popular que afirma ser o tempo o senhor da razão, Bolsonaro começa a desvencilhar-se da fantasia do “politicamente correto”, que vestiu para ludibriar parte do eleitorado e retomar sua verdadeira essência. O que é um considerável perigo para a democracia.

Nesta quarta-feira (31), Bolsonaro disse que “problemas acontecem” ao falar sobre os quatro presos que estavam no presídio de Altamira, no interior do Pará, e morreram por sufocamento durante transferência para outro estabelecimento penal. As mortes ocorreram dentro do veículo que transportava os detentos para Marabá.

“Com toda a certeza, deveriam estar feridos, né? É como uma ambulância quando pega uma pessoa até doente, no deslocamento, ela pode falecer. Pessoal, problemas acontecem, está certo?”, ressaltou o descontrolado e autoritário presidente.


Como se nada representasse o seu palavrório insano acerca do assassinato dos quatros detentos durante processo de transferência, Bolsonaro afirmou que sonha com a criação de presídios agrícolas e o trabalho forçado.

“Eu sonho com um presídio agrícola. É cláusula pétrea, mas eu gostaria que tivesse trabalho forçado no Brasil para esse tipo de gente, mas não pode forçar a barra. Ninguém quer maltratar presos nem quer que sejam mortos, mas é o habitat deles, né?”, declarou Bolsonaro durante evento em Anápolis (GO).

Tais declarações reforçam as muitas matérias deste portal sobre a falta de competência de Jair Bolsonaro para ocupar cargo de tamanha relevância e responsabilidade, como a Presidência da República, que exige equilíbrio, bom senso, ponderação e conhecimento da legislação vigente no País.

Além disso, a verborreia presidencial demonstra, mais uma vez, que Bolsonaro passou 28 anos na Câmara dos Deputados sem nada fazer, sendo que ao menos poderia ter lido com afinco a Constituição Federal, que veta suas delirantes propostas.

A estupidez de Bolsonaro o impede de perceber que o Estado, como um todo, é responsável pela integridade física e mental do preso durante o cumprimento da pena ou durante a prisão provisória. Sendo assim, o Estado é obrigado, por força de lei, a indenizar as famílias dos mortos, sejam as dos que morreram na rebelião em Altamira, sejam a dos assassinados durante a transferência para Marabá.