Bolsonaro de novo abusa do autoritarismo ao falar sobre mudança na Superintendência da PF no Rio

Não é de hoje que o UCHO.INFO afirma ser concreta a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro dar um “cavalo de pau” na democracia. Dono de ignorância tão devastadora quanto seu radicalismo, Bolsonaro não aceita a hipótese de ser contrariado, o que explica muitas das decisões que vem tomando desde que chegou ao Palácio do Planalto.

Nos últimos tempos, o presidente, por conta de aconselhamento de assessores palacianos, foi obrigado a recuar diante de declarações estapafúrdias, mas com a incapacidade que domina o governo, o que o impede de cumprir muitas das promessas de campanha, o radicalismo ocupou definitivamente o lugar que deveria ser da parcimônia existencial e da ponderação política.

A mais recente polêmica de Bolsonaro envolve a Polícia Federal, órgão que tem independência e se viu agredido por causa da declaração de que o superintendente no Rio de Janeiro será substituído por “gestão e má produtividade”.

“Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade”, afirmou o presidente.

Que Bolsonaro é movido pela boçalidade todos sabem, mas mitomania é um detalhe novo e que atenta contra qualquer democracia. O delegado Ricardo Saadi, atual chefe da PF no Rio de Janeiro, será substituído por Carlos Henrique Oliveira, escolhido pelo diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo.


A Superintendência da PF no Rio passa por momento delicado, pois há no órgão investigação sigilosa sobre a atuação do ex-policial militar Fabrício Queiroz e do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O que pode explicar o rompante do presidente da República, que em situações de dificuldade mostra-se extremamente autoritário.

Em nota, divulgada na quinta-feira (15), a PF rebateu a declaração do chefe do Executivo e afirmou que a saída de Saadi não tem qualquer relação com desempenho. De acordo com a nota, a mudança no comando da PF no Rio de Janeiro já vinha sendo planejada há alguns meses, sendo o principal motivo o desejo de Ricardo Saadi ir para Brasília.

Nesta sexta-feira (16), Bolsonaro voltou a exalar autoritarismo ao afirmar que no caso de nomeações a palavra final é sua. “O que eu fiquei sabendo… Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu… deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos. Mas quem manda sou eu. Está pré-acertado que seria lá o de Manaus”, declarou o descontrolado presidente.

É importante salientar que o delegado Carlos Henrique Oliveira, escolhido para assumir a Superintendência no RJ desempenha atualmente suas funções em Pernambuco, não no Amazonas, como sugeriu o presidente da República.

Em suma, esse imbróglio tem todos os ingredientes necessários para um desfecho desfavorável, sendo que o mais prejudicado será Jair Bolsonaro. Até porque, criar zona de atrito com policiais não é o melhor negócio. Em outras palavras, o Brasil que se prepare, pois em breve novos escândalos envolvendo políticos ligados ao presidente (inclusive filhos) poderão ocupar o noticiário.