PGR: procuradores promovem rebelião silenciosa por causa de nome indicado por Flávio Bolsonaro

Há algumas semanas adiando o anúncio do nome do próximo procurador-geral da República, que substituirá a procuradora Raquel Dodge no cargo, o presidente da República enfrenta problemas na seara do tema. Isso porque os nomes até agora anunciados como favoritos ao posto poderão ficar à beira do caminho, pois Jair Bolsonaro poderá escolher o indicado pelo filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Subprocurador da República, Antônio Carlos Simões Soares é o preferido do presidente para comandar o Ministério Público Federal a partir de 17 de setembro próximo, quando termina o mandato da atual chefe da PGR.

A possível indicação de Soares está provocando insatisfação entre os procuradores, que alegam a falta de condições do preferido de Bolsonaro de chefiar o MPF em momento de turbulência institucional.

De acordo com os procuradores, Antônio Carlos Soares está há apenas dois anos como subprocurador-geral, jamais comandou uma grande investigação e permanece desconhecido entre boa parte dos integrantes do MPF. Além disso, a questão de a indicação ter partido de Flávio Bolsonaro é um ingrediente a mais nessa rumorosa polêmica.


Acusado de operar, juntamente com Fabrício Queiroz, um esquema de arrecadação de parte dos salários dos servidores do seu então gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Flávio Bolsonaro é alvo de investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

O caso sofreu uma freada brusca por conta da decisão do ministro Dias Toffoli de suspender investigações com dados ampliados do Coaf, fornecidos sem autorização judicial, mas a polêmica no escândalo das chamadas “rachadinhas” continua. O advogado do senador fluminense teria sido um dos responsáveis pela indicação de Soares.

Antônio Carlos Soares cursou a Escola Superior de Guerra (ESG) e já esteve com o presidente da República Bolsonaro. Em 2013, o subprocurador foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por aposentadoria irregular, sendo obrigado a retornar ao trabalho.

Caso o presidente da República confirme a indicação de Soares para o comando da PGR, cairá por terra um discurso boquirroto que tinha a “velha política” como alvo. Além disso, Bolsonaro elegeu-se na esteira da defesa do combate implacável à corrupção. Em suma, Jair Bolsonaro é o que se conhece no meio político como “mais do mesmo”.