Em mais um espetáculo de ignorância explícita, Bolsonaro volta a culpar ONGs por queimadas na Amazônia

Sempre regurgitando o néctar (sic) da ignorância, o presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar as ONGs pelas queimadas que ocorrem na Amazônia e estão sendo combatidas com dinheiro doado anteriormente por países que se preocupam com o meio ambiente.

Refém dos compromissos com os ruralistas, que despejaram em sua candidatura não apenas apoio e cuja bancada na Câmara dos Deputados é a maior, Bolsonaro continua despejando sobre a opinião pública um punhado de inverdades, muitas das quais fabricadas aos tropeços para tentar salvar um governo movido pela incompetência e pelo radicalismo ideológico.

Nesta quinta-feira (22), Bolsonaro demonstrou preocupação com a repercussão negativa de suas declarações, principalmente no exterior, mas não deixou de responsabilizar as ONGs pela pelas queimadas que, além de fumaça, espalham preocupação por toda parte.

Useiro e vezeiro de recuos declaratórios, o presidente negou que tenha acusado as ONGs, mas disse que há “suspeitas” de participação dessas entidades nas queimadas, como se na declaração anterior ele não tivesse colocado no patíbulo da culpa organismos que defendem o meio ambiente. Que Bolsonaro é movido pela estupidez todos sabem, mas é preciso que o presidente faça um esforço, mesmo que descomunal, para compreender que a preservação da Amazônia é de suma importância para o Brasil e para o planeta. E isso deveria ser usado como moeda de troca no tabuleiro internacional de negociações.

Questionado pelos jornalistas, à porta do Palácio da Alvorada, se a culpa pela tragédia na Amazônia é dos organismos da sociedade civil, o presidente voltou a afirmar que há “indício fortíssimo de que ONGs estão por trás das queimadas”.


“São os índios, quer que eu culpe os índios? Vai escrever os índios amanhã? Quer que eu culpe os marcianos? É, no meu entender, um indício fortíssimo que esse pessoal da ONG perdeu a teta deles. É simples”, rebateu um colérico e sempre estúpido Jair Bolsonaro.

De acordo com o presidente da República, as ONGs “perderam dinheiro” com a suspensão do repasse de recursos e, portanto, “estão desempregadas”. No pensamento tacanho de Bolsonaro, por essa razão as ONGs teriam decidido fazer uma campanha contra o (des)governo. Em suma, após criticar com veemência o “coitadismo, o presidente adotou a teoria da conspiração como mantra do cotidiano.

“Não se tem prova disso, meu Deus do céu. Ninguém escreve isso, vou queimar lá, não existe isso. Se você não pegar em flagrante quem está queimando e buscar quem mandou fazer isso, que isso tá acontecendo, é um crime que está acontecendo”, declarou.

Tábua de salvação de nove entre dez governantes incompetentes, a imprensa foi culpada por Bolsonaro por conta da repercussão negativa de suas falas, como se aos jornalistas faltasse capacidade de compreensão. O que a mídia vem fazendo é apenas divulgar o besteirol presidencial, sendo que a conclusão fica a cargo de cada pessoa. Não se pode dourar a pílula quando o presidente tira discursos da latrina.

“O Brasil vai chegar à situação da Venezuela, é isso o que a grande imprensa quer. Se o mundo lá fora começar a impor barreiras comerciais, nosso agronegócio vai começar a dar para trás, a vida de você (jornalistas) vai estar complicada como a de todos”, disse.

Como é possível perceber, Bolsonaro não tem competência para ocupar cargo de tamanha relevância. Isso fica claro não apenas nas suas declarações, mas nas decisões que vem tomando ao longo dos últimos meses. Diante da necessidade de “mostrar serviço”, o chefe do Executivo recorre a sandices discursivas para, fazendo a alegria da horda de apoiadores, frequentar o noticiário, mesmo que para isso seja preciso reforçar seu viés estulto.