Ao chamar Macron de “idiota”, filho de Bolsonaro não foge ao DNA e mostra despreparo para ser embaixador

O Brasil é – e sempre foi – uma catapulta de especialistas de ocasião, que, a depender do momento e da necessidade, conhecem a fundo os mais variados assuntos: de política a futebol, de medicina a meio ambiente, de ideologias a economia. O problema maior nesse cenário é que o imbecil acredita ser gênio, sem ao menos ter estudado uma só linha do assunto que alega dominar.

Esse quadro embalado pela estupidez nacional dá guarida a uma célebre frase de Umberto Eco, que certa feita afirmou: “O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”. Ou seja, O computador ou o smartphone substituíram a inteligência, a sabedoria e o banco da escola.

O melhor exemplo desse caos intelectual é dignamente representado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus rebentos, que agora agem como se fossem donos do Brasil, algo que não cabe no Estado Democrático de Direito.

A mais nova sandice do clã partiu do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), indicado pelo pai para comandar a Embaixada brasileira em Washington. Néscio em termos de diplomacia, Eduardo não deixa dúvidas a respeito da sua falta de capacidade para assumir cargo de tanta relevância.


Ao ter o nome anunciado como provável embaixador nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro afirmou que fez intercâmbio nos Estados Unidos, “fritou hambúrguer no frio do Maine” e mantém boa relação com a família Trump. O que não são credenciais para ingressar na diplomacia. Além disso, ter contato mais próximo com Donald Trump deveria ser motivo de vergonha, não de orgulho.

Logo após o presidente da França, Emmanuel Macron, requerer reunião de emergência do G7 para discutir as queimadas na Amazônia, o futuro embaixador chamou o mandatário francês de idiota, como se os Bolsonaros frequentassem a árvore genealógica de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada maravilhosa.

Para quem tem peregrinado pelos corredores do Senado Federal com o objetivo de quebrar a resistência dos parlamentares à sua indicação à Embaixada brasileira na Terra do Tio Sam, Eduardo é o que se pode chamar de fulanização da estupidez. Chamar um estadista de idiota é, além de estultice, falta de sensibilidade, além de revelar despreparo para o cargo que almeja. Contudo, para desempenhar o papel de despachante de luxo da Casa Branca, o “03” é o mais indicado.

Não bastasse a deselegância, algo peculiar na dinastia Bolsonaro, a situação piora sobremaneira quando considerado o fato de que o agredido é Macron, que poderá mandar pelos ares o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.

Resumindo, se o aludido acordo se aproximou perigosamente do precipício, a aprovação do nome de Eduardo Bolsonaro como embaixador “subiu no telhado”. Os ziguezagues da vida fazem do homem o melhor produto dos seus próprios erros, mas errar tem limite. De tal modo, resta saber quem é de fato o idiota nesse episódio.