Procuradora pede desculpas a Lula por ironizar morte de Marisa e reconhece autenticidade de mensagens

Integrante da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba, a procuradora Jerusa Viecili publicou na noite desta terça-feira, 27, em sua conta no Twitter, um pedido de desculpas ao ex-presidente Lula, no vácuo das mensagens, polêmicas e eivadas de covardia, sobre a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia e o luto do petista por conta do falecimento do irmão e do neto.

Em mensagens trocadas com outros procuradores por meio do aplicativo Telegram, Jerusa e seus colegas de Ministério Público Federal (MPF) trataram o luto do ex-presidente da República com ironia e tom conspiratório.

A procuradora aparece em dois momentos nos diálogos vazados e divulgados pelo site The Intercept Brasil. No primeiro, Jerusa respondeu com deboche ao ser informada sobre a morte de Marisa Letícia. “Querem que eu fique pro enterro?”, respondeu a integrante da força-tarefa da Lava-Jato.

Em outro diálogo, Jerusa Viecili compartilhou no grupo de procuradores formado por integrantes da força-tarefa a notícia da morte de Arthur Lula da Silva, neto do ex-presidente. Na sequência, ela procuradora publicou o seguinte comentário: “Preparem para nova novela ida ao velório.”

No momento em que os procuradores comentavam, no grupo “Filhos do Januário 1”, sobre o telefonema do ministro Gilmar Mendes (STF) a Lula, durante o velório do neto do petista, que foi aos prantos enquanto conversava com o magistrado, Jerusa acrescentou com jocosidade: “GM (Gilmar Mendes) não dá ponto sem nó”.

A decidir pedir desculpas ao ex-presidente Lula, a procuradora reconhece a autenticidade dos diálogos divulgados pelo The Intercept Brasil, contrariando a estratégia criada pelos procuradores da Lava-Jato em Curitiba e pelo ex-juiz Sérgio Moro, atualmente à frente do Ministério da Justiça. Desde o início da divulgação dos diálogos, os procuradores da força-tarefa insistem em questionar a autenticidade dos diálogos, sendo que em algumas ocasiões alegam que alguns trechos podem ter sofrido alterações.


Em resposta aos internautas, Jerusa usou sua conta no Twitter para afirmar que os procuradores da Lava-Jato jamais negaram a autenticidade das mensagens divulgadas pela imprensa. O que não é verdade!

“Lembrar de uma mensagem não autentica todo o conjunto. A existência de mensagens verdadeiras não afasta o fato de que as mensagens são fruto de crime e têm sido descontextualizadas ou deturpadas para fazer falsas acusações”, escreveu a procuradora no Twitter.

“Os procuradores da Lava Jato nunca negaram que há mensagens verdadeiras, exatamente porque foram efetivamente hackeados. Contudo, não é possível saber exatamente o quanto está correto, porque é impossível recordar de detalhes de 1 milhão de mensagens em 5 anos intensos”, completou Jerusa na rede social.

Em países minimamente sérios e com autoridades responsáveis e munidas de coragem para enfrentar a reação da colérica opinião pública, os procuradores da Lava-Jato já estariam afastados e muitas sentenças teriam sido anuladas.

Não se trata de defender corruptos, mas de exigir o estrito cumprimento da lei para que criminosos não saiam impunes e na condição de vítimas por causa da transgressão de autoridades. É importante ressaltar que as condenações impostas a Lula foram marcadas pelo ódio dos procuradores e pela ingerência ilícita de Moro.

Os procuradores de Curitiba, sempre embalados pelo histrionismo de Deltan Dallagnol, deveriam recorrer à coerência e fazer um mea culpa, pois se há no País algum golpe contra a Lava-Jato, esse com certeza é desferido a partir da força-tarefa. O problema é saber onde colocar a vaidade para viabilizar um ato de grandeza.