Morre em São Paulo, aos 81 anos, o ex-governador Alberto Goldman, integrante da ala histórica do PSDB

Ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), 81 anos, morreu por volta das 13h30 deste domingo (1), na capital paulista. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do político.

Goldman estava internado desde 19 de agosto na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, na região central da cidade de São Paulo, após passar mal e ser submetido a cirurgia no cérebro.

O ex-governador foi ao hospital no dia 19 de agosto para mais uma etapa do tratamento contra um câncer neuroendócrino na região cervical. Goldman passou mal durante o exame e, após uma tomografia, os médicos constataram sangramento no cérebro.

Quem acompanha a política brasileira há anos e com proximidade sabe da importância de Alberto Goldman para essa atividade que, infelizmente, tornou-se alvo de escândalos e críticas das mais variadas. Em outras palavras, Goldman fará falta ao País, tão carente de homens públicos honrados, comprometidos e respeitáveis.

Ao longo de sua trajetória política, Alberto Goldman passou por três legendas: PCB, MDB e PSDB. Foi como integrante do PSDB que o ex-governador mostrou ao País a importância da socialdemocracia, ao lado de nomes históricos do partido.

Engenheiro formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Alberto Goldman assumiu o governo de São Paulo (abril a dezembro de 2010), quando substituiu o tucano José Serra (PSDB), de quem era vice e secretário de Desenvolvimento.

Íntegro e coerente em termos políticos, Goldman, integrante da ala histórica do tucanato, tornou-se crítico do então prefeito paulistano e atual governador de São Paulo, João Doria Jr., que após sequência de manobras tomou o controle nacional do PSDB.


Na esteira das contundentes críticas a João Doria, o diretório paulistano do PSDB decidiu, em outubro de 2018, expulsar Goldman do partido. Contudo, a direção nacional da legenda anulou a expulsão.

À época, Alberto Goldman não economizou palavras para, novamente, disparar acertadamente contra Doria: “Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”.

Um ano antes, Doria, em vídeo gravado, chamou Alberto Goldman de “improdutivo e fracassado, que agora vive de pijamas em sua casa”.

Na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, em 2018, Goldman apoiou, ainda no primeiro turno, o candidato emedebista Paulo Skaf. Foi mais uma estocada do ex-governador em João Doria, que, à sombra da própria soberba, não consegue enxergar a grandeza de Goldman como homem público.

Nascido em 12 de outubro de 1937, em São Paulo, Goldman era filho da dona de casa Dora e do alfaiate polonês Wolf. O ex-governador chegou a viajar à Polônia, onde seu avô paterno comandou uma pequena loja de tecidos na região de Lublin, na tentativa de encontrar informações sobre os antepassados. Porém, o cemitério onde foram sepultados os parentes de Goldman havia sido destruído durante a 2ª Guerra Mundial. Diante da constatação, o tucano disparou: “Impressionante. Os nazistas levaram os vivos e os mortos também.”

Alberto Goldman deixa a mulher, Deuzeni Trisoglio, cinco filhos e quatro netos. O velório será realizado na segunda-feira (2), das 8h às 14h, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O enterro está previsto para as 15h no Cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste.

Confira abaixo o comunicado da família:

“Com grande pesar comunico que faleceu nesta tarde o ex-governador Alberto Goldman.

Nascido em 12 de outubro de 1937, Goldman era engenheiro formado pela Escola Politécnica, foi deputado estadual por dois mandatos (1971-1978), deputado federal por seis mandatos (1979-1986 e 1991-2006), Ministro dos Transportes (Governo Itamar Franco), secretário de Estado, vice-governador e governador de São Paulo.

Alberto Goldman deixa esposa, cinco filhos e quatro netos.”