Diretor da Funarte ataca e ofende a atriz Fernanda Montenegro; classe artística reage com indignação

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(Leo Aversa – Agência O Globo)

O dramaturgo Roberto Alvim, diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, ofendeu a atriz Fernanda Montenegro em uma publicação no Facebook. Na postagem, Alvim chamou a atriz, de 89 anos, de “sórdida”. A atitude provocou imediata indignação na classe artística, que se manifestou contra as declarações.

O ataque de Alvim aconteceu após a atriz posar para a capa da revista literária “Quatro Cinco Um”, que na edição de outubro traz Fernanda como uma bruxa prestes a ser queimada em fogueira de livros.

Nesta segunda-feira (23), o diretor da Funarte, não contente com seu destampatório, voltou a ofender Fernanda, diante da repercussão do primeiro texto. Roberto Alvim não apenas ratificou suas declarações, mas disse desprezar a atriz, classificada como “mentirosa”.

No Facebook, a atriz e diretora Guida Vianna reagiu contra as afirmações de Alvim e disse que o dramaturgo deveria ser processado. “É o maior absurdo que eu já li, ninguém pode ofender as pessoas desse jeito. Um presidente que elogia a tortura deveria ser processado, da mesma forma que um diretor que ocupa o cargo público, na Funarte, e ofende o maior ícone teatral do Brasil, também”.

Em comunicado, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) repudiou as declarações de Roberto Alvim, alegando se tratar de “guerra irrevogável” a decisão de não dialogar com a classe artística.


Confira a abaixo a íntegra da nota divulgada pela APTR:

“A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, Sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma “guerra irrevogável”.

Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão.

Desde que o mundo é mundo, as identidades de todos os povos são construídas através de símbolos, plenos de significados, originando histórias transmitidas de geração em geração. Por este motivo, quando o objetivo é destruir algo, o alvo é sempre o sagrado, o simbólico ou aquilo de maior valor afetivo.

Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional – ou seja, representando o país como um todo – o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação.

Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo.

Persistiremos na busca pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo afeto ao fazer artístico e cultural de nosso país. Tudo isso de forma civilizada e com total respeito à diversidade.”