Populista, Bolsonaro diz que “o interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore, é no minério”

(Divulgação – PR)

Presidente da República, Jair Bolsonaro depende de declarações polêmicas para manter-se no noticiário, por isso recorre frequentemente a estultices e conjecturas, que embalam acusações nem sempre comprovadas. Mesmo assim, sem importar a existência de provas para escorar a própria fala, Bolsonaro continua insistindo na radicalização do discurso para evitar um esfarelamento de sua hora da seguidores.

Nesta terça-feira (1), ao falar para garimpeiros de Serra Pelada (PA) ao pé do Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente afirmou que “o interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore, é no minério”. A declaração ocorreu após Bolsonaro receber representantes do grupo em palácio.

Bolsonaro disse que divulgará vídeo sobre a exploração do grafeno que, segundo ele, ajudaria a “abrir a cabeça da população”. Sem perder a oportunidade de reforçar o discurso de ódio, o presidente voltou a criticar o cacique Raoni Metuktire, afirmando que o líder indígena não fala pelos índios.

“Esse vídeo é muito bom para abrir a cabeça da população de que o interesse na Amazônia não é no índio nem na porra da árvore, é no minério. E o Raoni fala pela aldeia dele, fala como cidadão, não fala pelos índios, não. É outro que vive tomando champanhe e em outros países por aí”, declarou.

Que o presidente da República precisa cada vez mais da polarização como muleta política todos sabem, mas beira a irresponsabilidade negar o que muitas lideranças indígenas declaram a respeito de Raoni. De igual modo, usar a teoria da conspiração como combustível para propulsar o discurso de ódio é atentar contra a democracia.

Respondendo à reivindicação dos garimpeiros, que defendem “administração militar” nas áreas de garimpo, Bolsonaro disse que, havendo amparo legal, enviará as Forças Armadas para a região, ressaltando que o assunto será conduzido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.


“Se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá. Se tiver amparo legal, não vou prometer para vocês o que não posso fazer. Se tiver amparo legal, eu boto as Forças Armadas lá, a gente resolve esse problema aí”, disse Jair Bolsonaro.

Sem apresentar provas, como sempre, e recorrendo ao “achismo”, Bolsonaro acusou empresas estrangeiras de pagarem propina para evitar a divulgação de crimes ambientais.

“O mundo, muitas vezes, (fica) criticando o garimpeiro. Agora, a covardia que fazem com o meio ambiente, empresas de vários países do mundo fazem aqui dentro do Brasil, ninguém toca no assunto porque a propina, pelo que parece, pelo que parece, corre solta, pelo que parece.”

Bolsonaro aproveitou o encontro com os garimpeiros de Serra Pelada para afirmar que a Vale cometeu um “crime” na década de 1990, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

“Esse é um país que é roubado há 500 anos. A gente conhece o potencial mineral do Brasil. Eu sei como a Vale do Rio Doce abocanhou, no governo FHC, o direito mineral no Brasil. O crime que aconteceu”, declarou.

O presidente da República mais uma vez jogou para a plateia, pois há na estrutura do governo federal grupos políticos que continuam dando ordens no setor minerário. Quem fecha os olhos para essa criminosa realidade é porque não quer enxergar o óbvio, já que a espúria conivência palaciana tem como objetivo a aprovação de matérias de interesse do governo no Congresso, a começar pela indicação do próximo embaixador brasileiro nos Estados Unidos.