Vaiado por bolsonaristas, Doria reage: “Vai pra casa, vagabundo! Vai comer sua mortadela com a sua mãe”

Que a “lua de mel” do governador de São Paulo, João Doria Júnior, e o presidente Jair Bolsonaro acabou há algum tempo todo brasileiro já sabia, mas agora parece que a situação piorou sobremaneira, o que não é novidade na seara política.

Depois de ter lançado o “BolsoDoria” como forma de vencer a corrida ao Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, Doria disse recentemente que jamais foi bolsonarista e que a mencionada estratégia eleitoral não foi criação sua. O que contraria a verdade dos fatos.

“Eu não sou bolsonarista. Eu não criei o ‘BolsoDoria’. O movimento nasceu no interior [de São Paulo], espontaneamente. Mas eu incorporei. E naquela circunstância, na qual enfrentávamos todos os partidos de esquerda juntos, todos faziam campanha contra mim…E, numa campanha, qual era o meu caminho senão estar ao lado daqueles que advogavam com Jair Bolsonaro?”, disse o governador.

Pré-candidato ao Palácio do Planalto, João Doria vem agindo politicamente para alcançar, até 2022, cacife eleitoral que o credencie para enfrentar o atual presidente da República. Essa decisão tem desagradado os fiéis e coléricos apoiadores de Bolsonaro, que como sempre agem com intolerância e truculência contra aqueles que possam fazer sombra ao presidente.

Na terça-feira (15), a animosidade que separa Doria e Bolsonaro ganhou capítulos extras. O governador de São Paulo, que participou de evento oficial em Taubaté, cidade do interior paulista, não suportou as provocações dos bolsonaristas e partiu para o ataque.

Próximos ao palco em que estava o governador, apoiadores de Bolsonaro protestaram contra o tucano, que naquele momento foi chamado de mentiroso e “Pinóquio”, alcunha que conquistou por ter descumprido a promessa de não deixar a prefeitura paulistana antes do final do mandato.


Irritado, como sempre acontece quando tem os interesses contrariados, Doria valeu-se do microfone que usava para discursar e chamou seus agressores de “vagabundos”. O alvo da reação do governador de São Paulo era um grupo de policiais militares aposentados, segundo os manifestantes.

“Vai pra casa, vagabundo! Vai comer sua mortadela com a sua mãe, seu sem vergonha”, disparou João Doria, imaginando que os manifestantes eram filiados ao Partido dos Trabalhadores, legenda que há anos é alvo de críticas duras do governador.

Contudo, ao perceber que os manifestantes eram “bolsonaristas”, não petistas, Doria recrudesceu o discurso e intensificou o ataque, citando, inclusive, o líder do PSL no Senado, senador Major Olímpio (SP).

“Povo trabalhador, levante o seu braço, mostre que você trabalha, mostre que você gosta de Taubaté. Mostre aqui para esses vagabundos que não têm o que fazer que quem tem o que fazer tem o direito de se divertir. Tem o direito a usufruir a sua vida em paz e tranquilidade. Vai cobrar do Major Olímpio os seus ‘duzentinho’ (sic) para vir aqui falar bobagem no microfone. Vai para casa aposentado, vai para casa amigo”, rebateu o descontrolado Doria.

Campanha antecipada

Na última sexta-feira (11), o governador paulista participou, juntamente com Bolsonaro, da cerimônia de formatura dos sargentos da Polícia Militar de São Paulo. Mesmo estando ao lado do presidente da República, Doria foi recebido com vaias, enquanto Bolsonaro era aplaudido.

O governador tucano não perdeu a viagem e provocou Jair Bolsonaro: “Aqui, presidente Bolsonaro, tem segurança, tem força, tem determinação e tem comando. A melhor Polícia Militar do Brasil está aqui, está em São Paulo, graças ao treinamento, aos oficiais”, disse Doria.